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Congresso do Peru debate abertura de processo de destituição de Castillo

Esta é a quinta moção de julgamento político contra um presidente peruano nos últimos quatro anos

Congresso do Peru debate abertura de processo de destituição de Castillo
Congresso do Peru debate abertura de processo de destituição de Castillo
O presidente do Peru, Pedro Castillo. Foto: Sebastian Castaneda/X07403/ AFP
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O Congresso do Peru, controlado pela oposição de direita, definirá nesta terça-feira 7 se aceita debater um pedido de destituição do presidente de esquerda Pedro Castillo, o que levaria novamente o país a um período de instabilidade e incerteza.

Esta é a quinta moção de julgamento político contra um presidente peruano nos últimos quatro anos e recorda pedidos similares que provocaram a queda dos chefes de Estado Pedro Pablo Kuczynski, em 2018, e Martín Vizcarra, em 2020.

O presidente, que assumiu o poder há pouco mais de quatro meses, virou alvo após um escândalo de suposta interferência do governo em promoções militares, o que motivou o pedido de sua destituição. Por este caso, ele também foi intimado a depor em 14 de dezembro à procuradora Zoraida Ávalos.

O pedido de vacância por “incapacidade moral” teria pelo menos 57 votos no Congresso para ser submetido a debate, de acordo com a imprensa de Lima, cinco a mais que o necessário.

Se o debate do processo for aprovado, Castillo deve comparecer ao plenário, possivelmente na próxima semana, para apresentar sua defesa. Depois, os 130 legisladores decidiriam sobre o impeachment, para o qual são necessários 87 votos que os adversários do presidente dificilmente conseguirão.

A moção foi apresentada há duas semanas por três partidos de direita, incluindo o fujimorista, e o plenário dever começar a discuti-la às 13h00 no horário local (15h00 no horário de Brasília), quatro horas mais tarde que o previsto inicialmente. Depois começará uma longa discussão antes da votação.

O debate da moção atrasou porque antes o plenário prestou uma homenagem à Polícia e depois começou a interrogar o ministro da Educação, Carlos Gallardo, sobre outras questões.

A possível saída de Castillo é mencionada desde sua eleição em junho, denunciada por partidos opositores como uma “fraude”, apesar do aval dos observadores da OEA e da União Europeia.

O presidente convocou nos últimos dias um diálogo com os dirigentes da oposição na tentativa de se salvar do que qualificou como uma moção “sem respaldo e com absoluta irresponsabilidade”. No entanto, Keiko Fujimori e outros líderes da direita se recusaram a falar com ele.

O professor rural de 52 anos venceu Fujimori no segundo turno da eleição presidencial em junho. Desde que assumiu o cargo, em 28 de julho, tem sido perseguido pela oposição por seus próprios erros e por divergências em seu partido que causaram a saída de dez ministros.

O partido que o levou ao poder, Peru Livre, afirmou que seus 37 parlamentares rejeitarão a moção, apesar das divergências com o presidente.

Durante a sessão do Parlamento em Lima, o presidente visitava as regiões sul-andinas de Apurimac e Puno.

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