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Comboio russo se dirige a Kiev e forças de Putin reivindicam Kherson; o essencial do dia de conflitos

Enquanto isso, seguem as expectativas por uma segunda rodada de negociações entre as delegações de Putin e Zelensky, em Belarus

Bombeiros trabalham para conter o fogo em um complexo de Kharkiv. Foto: Sergey Bobok/AFP
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Esta quarta-feira 2 marca uma semana de operação militar da Rússia contra a Ucrânia. No campo diplomático, as emissoras russas destacam uma declaração do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, de que, apesar das sanções aplicadas pelo Ocidente, os dois países “continuarão a realizar uma cooperação comercial normal, seguindo o espírito de respeito, igualdade e benefício mútuo”.

No lado militar, a principal conquista reivindicada pelas forças de Vladimir Putin é a tomada da cidade Kherson, no sul. Ali, o prefeito Igor Kolukhayev diz que seus militares ainda controlam a situação, mas autoridades locais relatam o cerco russo.

Ao jornal norte-americano New York Times, a Prefeitura declarou estar “esperando por um milagre” para recolher corpos e restabelecer os serviços básicos.

“A cidade não caiu, nosso lado continua a defendê-la”, disse Oleksiy Arestovych, um assessor do presidente Volodymyr Zelensky. Kherson tem cerca de 300 mil habitantes e fica a noroeste da Crimeia, península anexada pela Rússia há oito anos.

A 400 quilômetros de Kherson, Mariupol também é palco de combates. Intensos bombardeios deixaram dezenas de feridos, de acordo com a Prefeitura, que teme o avanço russo por três lados. O objetivo do Kremlin ao sinalizar a tomada de Mariupol é formar uma espécie de corredor terrestre que a ligaria à Crimeia.

A ação de Putin prossegue, porém, em outros pontos relevantes. Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia – perto da fronteira com a Rússia -, é alvo de bombardeios pelo segundo dia consecutivo. À BBC, de Londres, o prefeito Igor Terekhov afirmou que a cidade está “parcialmente cercada” pelo Exército russo. Alega, no entanto, que os militares ucranianos agem “heroicamente” para impedir que o controle vá para as mãos de Putin.

De acordo com a emissora russa RT, uma torre de TV teria sido atingida na cidade de Lisichansk, no leste da Ucrânia, nesta quarta 2. Registros capturaram uma espessa fumaça preta que saía da área ao redor da torre após o que parece ter sido um ataque de míssil, relata a emissora.

Em Kharkiv, segundo o Ministério do Interior, um míssil atingiu o prédio do governo regional e deixou pelo menos dez mortos e 35 feridos na terça-feira 1º. Conforme o governador regional, Oleg Synegubov, bombardeios russos mataram pelo menos 21 pessoas e feriram mais de 110 na cidade nas últimas 24 horas.

Em Kiev, aumenta o clima de tensão. Sob intensa pressão russa há vários dias, a capital da Ucrânia vive o receio da aproximação de um comboio militar da Rússia cuja extensão chega, segundo os satélites da Maxar, a 64 quilômetros. São vistos tanques, peças de artilharia e outros equipamentos.

A CNN dos Estados Unidos reporta que o comboio se estende do aeroporto de Antonov, a 25 quilômetros do centro de Kiev, até a cidade de Prybirsk.

Na terça 1º, o Ministério do Interior ucraniano também afirmou que um ataque russo a uma torre de TV de Kiev deixou cinco mortos e cinco feridos e provocou a interrupção da transmissão de emissoras.

Como em qualquer guerra, é praticamente impossível cravar o número de vítimas. Na manhã desta quarta 2, o Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas comunicou a morte de 5.840 soldados russos desde o início da operação. Relata, ainda, ter abatido 30 aeronaves, 31 helicópteros e 211 tanques. Moscou não confirma as informações.

Do lado ucraniano, mais de 2.000 civis foram mortos, segundo balanço do Serviço de Emergência do país. “Crianças, mulheres e nossas forças de defesa estão perdendo suas vidas a cada hora”, acrescentou o comunicado.

As Forças Armadas da Rússia, por sua vez, divulgaram um número drasticamente distinto: afirmaram que 498 militares do país morreram e quase 1.600 ficaram feridos durante a operação. O Ministério da Defesa russo rechaçou, em comunicado, as estimativas de baixas em suas tropas divulgadas pela Ucrânia. Segundo a pasta, trata-se de desinformação deliberada.

Segundo os militares da Rússia, o lado ucraniano perdeu 2.870 soldados e tem 3.700 feridos. Além disso, 572 militares da Ucrânia estariam na condição de prisioneiros.

Enquanto isso, seguem as expectativas por uma segunda rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia. Segundo o gabinete de Volodymyr Zelensky, há uma nova conversa marcada para esta quarta em Belarus. A primeira rodada, na última segunda, durou cinco horas e terminou sem acordo.

O porta-voz de Vladimir Putin, Dmitry Peskov, confirmou que a “delegação de Moscou estará pronta para continuar a conversa esta noite”. Ele não divulgou, entretanto, o local exato das discussões.

A nova etapa das tratativas deve ocorrer um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltar a deixar claro que não enviará tropas para lutar ao lado dos ucranianos. Em discurso à nação na segunda 1º, ele reforçou, porém, que o Ocidente usará sanções econômicas para continuar “a infligir dor à Rússia e apoiar o povo da Ucrânia”.

Já na tarde desta quarta, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução que condena a operação militar da Rússia e a trata como invasão. O texto teve 141 votos favoráveis, incluindo o Brasil.

Cinco países foram contrários ao texto: Rússia, Bielorrússia, Síria, Coreia do Norte e Eritreia. Outros 35 decidiram se abster, como China, Cuba, Irã, Cazaquistão, Nicarágua e Vietnã. A redação pede que a Rússia retire suas forças militares da Ucrânia e interrompa a ação militar.

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