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Boato de morte de Evo Morales circula antes da eleição

Conta de TV estatal no twitter foi invadida. Presidente boliviano jogava futebol enquanto informação era difundida

Presidente jogava futebol enquanto notícia da sua 'morte' circulava
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O presidente da Bolívia, Evo Morales, desmentiu neste sábado 11 uma falsa notícia de que havia sofrido uma tentativa de assassinato. O suposto atentado foi divulgado pelo twitter da Boliviana TV, canal estatal boliviano, após a conta ter sido invadida por crackers.

O episódio ocorreu poucas horas antes das eleições bolivianas previstas para esse domingo, onde o presidente é o favorito nas intenções de voto com mais de 40% de vantagem sobre o segundo colocado, Samuel Dória Medina, da coalizão direitista Unidade Democrática.

Evo Morales jogava futebol em Villa Tunari, região de selva do trópico do Chapare, em Cochabamba, quando foi alertado por seus assessores do ataque cibernético e da repercussão da falsa notícia. “Estamos aqui, vivos. Não passou qualquer acidente. Pena que alguns não têm muito dinheiro e ainda acidentam a mim. Só falta me matarem para ganhar a eleição,” disse o presidente aos meios de comunicação imediatamente após receber a notícia. Ele complementou dizendo que a falsa informação foi fruto do “medo dos opositores”.

Desde manhã, Evo estava acompanhado por meios de comunicação nacionais, internacionais e alternativos, incluindo CartaCapital. Ao receber a noticia o presidente reagiu imediatamente e deu uma coletiva de imprensa. O canal de TV latino-americano Telesur foi o primeiro a transmitir o desmentido do presidente, ao vivo, viabilizando uma resposta imediata logo após a difusão da falsa notícia.

O meio alternativo Rádio Kausachun Coca do Chapare também fez entrevistas através de seus celulares, sendo retransmitida pela Rádio Pátria Livre, uma rede de rádios comunitárias fomentada pelo estado plurinacional boliviano. Em poucos minutos as mídias presentes, junto com ativistas de redes sociais em diversos pontos do país, reverteram a falsa notícia do assassinato.

O episódio desse sábado ocorre logo depois da circulação de uma falsa imagem do jornal independente El Deber divulgando que o terceiro colocado, o ex-presidente Jorge “Tuto”Quiroga, do Partido Democrata Cristão, havia renunciado à sua candidatura.

Essas são as primeiras eleições na Bolívia onde a internet tem tanto peso, seja em ataques cracker ou no uso intensivo de redes sociais e internet móvel. Tamanho impacto é consequência da expansão dos cabos de fibra ótica pelo país e da cobertura do satélite de telecomunicações Tupak Katari, lançado em parceria com a China em dezembro de 2013, que melhoraram a conexão e incluíram mais de mil localidades na rede mundial de computadores.

Redes sociais quebram silêncio eleitoral

Conforme lei eleitoral a Bolívia vive um período de restrições 72 horas antes das eleições, o que inclui proibição da venda e consumo de álcool;  de comícios;  de divulgação de declarações eleitorais e restrição do transporte terrestre entre as cidades sem autorização especial. É um período que é chamado por alguns meios como “silêncio para reflexão”.

Porém, as redes sociais tem continuado ativas e esse elemento novo nas eleições tem sido um desafio para a justiça eleitoral. “Já advertimos. Não vamos poder controlar o silêncio eleitoral nas redes; somente podemos fazer advertências, e os partidos sabem disso. Agora estão concentrados nas redes e tentando gerar decisão para o 12 de outubro,” afirmou na quinta-feira, ao jornal La Razón, o diretor do Serviço de Fortalecimento Democrático (Sifde), Juan Carlos Pinto.

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