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Blinken pede ‘pausas humanitárias’ em Gaza; Netanyahu rejeita trégua sem liberação de reféns

Os temores de uma escalada regional aumentaram com a multiplicação dos confrontos de artilharia entre Israel e o Hezbollah no sul do Líbano

Créditos: JONATHAN ERNST / POOL / AFP
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O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, defendeu nesta sexta-feira 3 em Tel Aviv a proteção dos civis palestinos na ofensiva aérea e terrestre lançada pelo Exército israelense na Faixa de Gaza contra o movimento islamista Hamas.

Em um momento de temor de propagação do conflito pela região, o influente líder do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, responsabilizou os Estados Unidos pelo conflito que explodiu em 7 de outubro, quando Hamas invadiu Israel e matou mais de 1.400 pessoas e fez cerca de 240 de reféns, conforme balanço israelense.

Segundo o Hamas, no poder em Gaza desde 2007, os bombardeios israelenses lançados em represália provocaram mais de 9.200 mortes, incluindo mais de 3.800 crianças no território palestino, que tem 362 km2 e cerca de 2,4 milhões de habitantes.

Durante a visita de Blinken, o Hamas denunciou que Israel bombardeou um comboio de ambulâncias que saía do hospital Al-Shifa, o principal hospital da Faixa de Gaza, matando “dezenas” de pessoas. Em um vídeo da AFPTV no local, vê-se vários corpos e pessoas feridas junto a uma ambulância danificada.

“Pausas humanitárias”

Em sua reunião com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Blinken defendeu o estabelecimento de “pausas humanitárias” para proteger os civis palestinos. Já Netanyahu rejeitou qualquer “trégua temporária sem a libertação dos reféns” capturados pelo Hamas.

O secretário de Estado recordou a posição do governo de Joe Biden, favorável à criação de um Estado palestino como “única forma de garantir” a segurança de Israel.

Os Estados Unidos revelaram que usaram drones desarmados para auxiliar em eventuais missões de resgate de reféns em Gaza.

Os temores de uma escalada regional aumentaram com a multiplicação dos confrontos de artilharia entre Israel e o Hezbollah no sul do Líbano.

O chefe do Hezbollah afirmou que a possibilidade de “uma escalada adicional ou de uma guerra total (…) é realista e pode ocorrer”. “Quem quiser evitar uma guerra regional deve deter rapidamente a agressão em Gaza”, disse Nasrallah.

Ontem, Israel havia anunciado o cerco total à cidade de Gaza, a principal do enclave.

“Gaza será uma maldição na história de Israel”, e muitos dos seus soldados “voltarão em sacos pretos”, disse um porta-voz das Brigadas Ezzedin al-Qassam, o braço armado do Hamas.

Antes do anúncio do bombardeio perto do hospital Al-Shifa, o Ministério da Saúde do Hamas relatou 15 mortos em um bombardeio israelense contra o bairro de Zaytun, na cidade de Gaza. Também informou que 14 deslocados que tentavam fugir para o sul de Gaza morreram em outro bombardeio israelense.

Segundo o Hamas, quase 200 pessoas morreram esta semana em uma série de bombardeios israelenses contra Jabaliya, o maior campo de refugiados de Gaza.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos estimou que os bombardeios contra Jabaliya podem constituir “crimes de guerra”.

A guerra também agravou a situação na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967 e onde oito palestinos morreram nesta sexta-feira em uma série de incursões do Exército israelense.

Milhares de palestinos enviados para Gaza

Israel começou a enviar de volta para Gaza trabalhadores palestinos que estavam em seu território com licenças temporárias no momento do ataque do Hamas.

“Estamos presos há 25 dias e hoje nos trouxeram para cá. Não sabemos nada do que está acontecendo em Gaza, não temos nem ideia da situação”, disse Nidal Abed à AFP.

Cerca de 18.500 habitantes de Gaza tinham permissão de trabalho quando a guerra eclodiu, segundo as autoridades israelenses.

Na Cidade de Gaza, algumas pessoas buscaram abrigo perto do hospital Al-Quds.

“Precisamos de um lugar seguro para nossos filhos”, afirmou Hiyam Shamlaj, de 50 anos, à AFP.

Além dos bombardeios, Israel impôs um cerco total à Gaza, cortando o acesso à água, à eletricidade, a combustível e a alimentos, à exceção da ajuda humanitária enviada em caminhões do Egito, considerada insuficiente pela ONU.

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