Mundo

EUA insta Hamas a aceitar cessar-fogo com Israel na Faixa de Gaza

Presidente americano também insistiu na urgência de permitir a entrega de ajuda humanitária aos palestinos em Gaza

Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP
Apoie Siga-nos no

O presidente americano, Joe Biden, instou, nesta terça-feira 5, o Hamas aceitar um cessar-fogo com Israel na Faixa de Gaza antes do ramadã, após o movimento islamista afirmar que as vias de negociações não estarão “abertas indefinitivamente”.

Os mediadores internacionais e representantes do Hamas se reuniram no Cairo nesta terça-feira para tentar negociar uma trégua de seis semanas, a troca de dezenas de reféns por prisioneiros palestinos e a entrada de ajuda em Gaza.
“Está nas mãos do Hamas neste momento”, declarou Biden, que disse temer uma situação “muito, muito perigosa” se um cessar-fogo não for alcançado antes do período sagrado muçulmano do ramadã, que começa no dia 10 ou 11 de março.
Biden, cujo país é o principal aliado de Israel, acrescentou que os israelenses estavam “cooperando” e que a proposta de uma trégua “é razoável”.
Diante da crise humanitária catastrófica na Faixa de Gaza, após quase cinco meses de conflito, Biden alertou Israel de que “não há desculpa” para impedir a entrada de ajuda humanitária no território palestino.
Um funcionário do alto escalão do Hamas, Osama Hamdam, afirmou de Beirute que o movimento islamista não permitirá “que a via das negociações permaneça aberta indefinitivamente enquanto a agressão e a fome organizada continuarem” contra os palestinos.
As negociações são “difíceis, mas continuam” sem representante israelense, informou o canal AlQahera News, próximo dos serviços de inteligência egípcios, citando um funcionário de alto escalão.
Enquanto isso, Israel segue bombardeando o território palestino, principalmente no sul, e causou 97 mortos nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, que é governada pelo Hamas desde 2007.

Hamas reitera suas condições

O conflito eclodiu após o ataque do grupo islamista contra Israel em 7 de outubro, provocando a morte de 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses.
Também sequestraram 250 pessoas, das quais Israel calcula que 130 permanecem em cativeiro.
Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva que deixou 30.631 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Hamas.
Em Washington, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, instou o grupo islamista a aceitar um “cessar-fogo imediato com Israel”, afirmando que “cabe ao Hamas decidir se está preparado para se comprometer com o fim das hostilidades”.
Contudo, o movimento islamista impõe várias condições antes de qualquer acordo.
“Não haverá conversas com o inimigo sobre uma operação de troca de prisioneiros até que aconteça um cessar-fogo, a retirada do exército de ocupação, a reconstrução e a volta dos deslocados aos seus lares”, declarou nesta terça-feira à AFP Mahmoud Mardawi, funcionário de alto escalão do Hamas.
A cidade de Rafah, no sul de Gaza, voltou a ser alvo de bombardeios noturnos. Em Khan Yunis, alguns quilômetros ao norte, também foram registrados combates no terreno.
“Destruíram a casa sem avisar. O bairro se tornou um inferno de chamas”, relatou Abdullah Amur, sobrevivente do bombardeio de uma casa na qual morreram 16 pessoas, incluindo um recém-nascido, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

‘Inundar’ Gaza de ajuda

Na Cidade de Gaza, no norte, segundo o Ministério da Saúde de Gaza e testemunhas, soldados israelenses abriram fogo nesta terça-feira contra uma multidão faminta que aguardava a distribuição de ajuda, ferindo algumas pessoas.
Testemunhas relataram à AFP que centenas de pessoas se lançaram sobre um comboio de 17 caminhões carregados de farinha que chegava a um cruzamento no sul da Cidade de Gaza, e que os soldados dispararam. O Exército israelense não confirmou esses relatos.
Em 29 de fevereiro, dezenas de pessoas morreram quando o Exército israelense abriu fogo contra uma multidão faminta que se lançou sobre um comboio de ajuda humanitária na mesma cidade.
Na Faixa de Gaza, a fome é “praticamente inevitável” para 2,2 dos 2,4 milhões de pessoas que vivem no território, segundo a ONU. Os Estados Unidos lançaram mais de 36.000 refeições do ar.
Nesta terça-feira, as Nações Unidas fizeram um apelo para “inundar” o território com ajuda e salvar as crianças que estão morrendo de inanição, após visitarem dois hospitais no norte de Gaza.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou ter encontrado em uma missão cenas terríveis de crianças morrendo de fome e uma grave escassez de alimentos, medicamentos e combustível para geradores.
A OMS estima que pelo menos 8.000 pacientes precisam ser evacuados de Gaza para receber tratamento.
A crise humanitária em Gaza está sendo agravada pelas tensões entre a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) e Israel, que pede sua dissolução.
Israel acusa a agência de empregar “mais de 450 terroristas” do Hamas e de outras organizações de Gaza, enquanto a UNRWA acusa as autoridades israelenses de terem cometido atos de “tortura” contra alguns de seus funcionários.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo