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Antony Blinken procura países voluntários para liderar força de segurança no Haiti

Lula já se comprometeu em ajudar o país, mas ainda não sinalizou o desejo de comandar uma nova intervenção na região

Antony Blinken procura países voluntários para liderar força de segurança no Haiti
Antony Blinken procura países voluntários para liderar força de segurança no Haiti
Um policial tenta conter protestos contra o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry. Foto: Richard Pierrin / AFP
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Em viagem pelo Caribe, o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, apelou à comunidade internacional para socorrer o Haiti, país minado pela violência e pela pobreza. Na quarta-feira (5), o americano instou as autoridades haitianas a trabalharem para buscar um consenso político. Depois de passar por Trinidad e Tobago, Blinken viaja nesta quinta-feira (6) para a Guiana.

“Acho que é imperativo que a comunidade internacional se una em apoio ao Haiti”, disse Blinken, na noite de quarta-feira, antes de um encontro com o primeiro-ministro haitiano Ariel Henry, às margens de uma cúpula de países caribenhos (Caricom), sediada em Trinidad e Tobago.

O primeiro-ministro haitiano relatou que seu país enfrenta violência e uma “preocupante crise humanitária” e pediu ajuda aos países da Caricom e aos Estados Unidos. Em seguida, agradeceu Washington por prometer dar segurança e assistência humanitária.

Durante uma sessão plenária do Caricom, Blinken havia prometido que os americanos ajudariam a restaurar a segurança no Haiti, um pré-requisito necessário para o retorno da ordem democrática ao país. “Os Estados Unidos compartilham o sentimento de toda a região, de que devemos ajudar o povo haitiano a moldar o seu futuro para restaurar a ordem democrática por meio de eleições justas e livres”, afirmou o secretário de Estado americano, diante dos chefes de Estado e de governo dos países do Caribe reunidos em Porto da Espanha.

“Os haitianos não podem alcançar esses objetivos cruciais sem segurança”, acrescentou, reforçando o apelo do governo haitiano para o estabelecimento de uma força multinacional para restaurar a ordem.

No entanto, Blinken não deu nenhuma indicação de qual país poderia liderar essa força, já que os Estados Unidos se recusam a fazê-lo, no momento.

ONU pede envio de força de segurança

A viagem do secretário de Estado dos Estados Unidos ocorre em um momento em que a ONU pede o envio de uma força de segurança para o Haiti, onde a situação humanitária e a violência pioram a cada dia.

Depois de uma viagem a Porto Príncipe no sábado (1), onde exortou a comunidade internacional a não “esquecer” o Haiti, o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, pediu na segunda-feira “apoio” internacional para a polícia haitiana enfrentar uma situação “sem precedentes”.

“A situação de segurança está se deteriorando rapidamente e as necessidades humanitárias estão aumentando”, reiterou ele de Trinidad e Tobago, onde foi aberta a cúpula da Caricom, da qual o Haiti é um dos membros. Guterres voltou a defender o “desdobramento de uma força de segurança internacional autorizada pelo Conselho de Segurança” e “capaz de cooperar com a Polícia Nacional do Haiti para desmantelar as gangues na origem dessa violência sem precedentes”.

A própria legitimidade do primeiro-ministro é questionada. O Haiti não realiza eleições desde 2016 e o ​​presidente Jovenel Moïse foi assassinado, em julho de 2021.

Brasil já liderou missão no Haiti

Há quase um ano, o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, pede intervenção internacional em seu país, mas nenhum país se declarou pronto para liderar uma força de intervenção.

Brasil e Canadá são os mais envolvidos nas discussões, enquanto os Estados Unidos preferem apoiar o fortalecimento da polícia local.

Em uma reunião bilateral com o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, em Paris, em 22 de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu a ajudar o Haiti, um dos países mais pobres do planeta, a encaminhar demandas da ilha na organização das Nações Unidas para equacionar o duplo problema que desespera os haitianos: a falta de segurança e as carências crônicas da população.

Lula pediu que Henry estabelecesse uma lista de prioridades, para que o Brasil possa apoiar as demandas enquanto membro do Conselho de Segurança da ONU e também de forma bilateral.

O Exército brasileiro esteve no comando da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah) durante 13 anos, até seu encerramento em 2017, mas o legado da operação foi posteriormente questionado.

(Com informações da AFP)

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