Alemanha confisca armas após ameaças de antivacinas contra políticos

O novo chanceler, Olaf Scholz, disse que a Alemanha vai implementar uma luta implacável contra "uma minoria de extremistas" antivacinas

Polícia alemã em operação contra grupos extremistas antivacina. Foto: Sebastian Kahnert/dpa/AFP

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A polícia alemã realizou operações de busca e confiscou armas nesta quarta-feira 15 durante uma operação na Saxônia, em resposta a ameaças de morte de grupos antivacina contra um líder regional que apoia as medidas contra a pandemia.

O novo chanceler alemão, o social-democrata Olaf Scholz, disse que seu país vai implementar uma luta implacável contra “uma minoria de extremistas” antivacinas.

Apoiada pelas forças especiais de intervenção, a polícia da Saxônia (leste) executou operações hoje em Dresden e em Heidnau, depois das ameaças de morte, em especial contra o ministro-presidente regional, Michael Kretschemer.

A Alemanha tem um forte movimento de oposição às restrições desde o início da pandemia.

O movimento está particularmente presente na Saxônia, “Land” que integrava a ex-Alemanha Oriental, uma das regiões mais afetadas pela atual onda de contágios de Covid-19 e que tem uma taxa de vacinação inferior à média nacional.

A operação policial se seguiu à infiltração de jornalistas do canal público ZDF em um grupo antivacinas do aplicativo Telegram.


Tem como alvo cinco homens e uma mulher “suspeitos de prepararem um ato de violência grave e planos de assassinatos” contra Michael Kretschmer (CDU, conservador) e contra outros líderes regionais, segundo um comunicado da polícia.

Armas foram apreendidas, mas a polícia não especificou se houve alguma prisão.

“Negação da realidade”

“O que existe na Alemanha atualmente é a negação da realidade, as histórias de conspiração absurdas, a desinformação deliberada e o extremismo violento”, lamentou o chefe de Governo diante do Parlamento, antes de prometer uma resposta “utilizando todos os recursos do nosso Estado de direito democrático”.

Em 8 de dezembro, a Justiça alemã abriu uma investigação após a exibição de uma reportagem na televisão que revelou o conteúdo das mensagens deste grupo do Telegram com uma centena de membros.

De acordo com o Ministério Público, os integrantes deste aplicativo de mensagens se dizem “unidos por sua oposição à vacina, ao Estado e à política de saúde atual”.

As mensagens de áudio defendiam a oposição – “com armas, se necessário” – às medidas em vigor e citavam os líderes políticos, em particular Kretschmer.

Vários políticos, jornalistas e instituições receberam cartas de ameaças, devido a um projeto de vacinação obrigatória, revelou a polícia de Berlim nesta quarta-feira.

Várias cartas estavam acompanhadas de pedaços de carne cobertos por papel alumínio e com a menção de que estavam “contaminados pelo vírus covid-19 e Zyklon B”, o gás usado pelos nazistas para exterminar judeus.

Análises posteriores concluíram que a carne não apresentava risco algum.

“Sejamos claros: uma pequena minoria em nosso país se afastou da nossa sociedade, da nossa democracia, da nossa comunidade e do nosso Estado, e não apenas da ciência, da racionalidade e da razão”, descreveu o social-democrata Scholz, que há uma semana sucedeu à conservadora Angela Merkel no cargo de chanceler.

Scholz afirmou que a Alemanha “não permitirá que uma pequena minoria de extremistas tente impor sua vontade ao conjunto da sociedade”.

15.000 opositores violentos

No início do mês, os opositores às restrições anticovid protestaram diante da casa do ministro da Saúde da Saxônia, o que provocou a indignação dos políticos.


Diante do avanço da quarta onda da pandemia, o governo alemão decidiu reforçar as restrições para as pessoas não vacinada. Agora, elas estão sem acesso à maioria dos locais públicos, restaurantes e estabelecimentos comerciais não essenciais.

Uma vacinação obrigatória também poderia ser votada nas próximas semanas.

O número de opositores às medidas sanitárias que estariam dispostos a recorrer à violência na Alemanha seria de 15.000 a 20.000, afirmou em uma entrevista ao jornal Bild o especialista do Partido Social-Democrata para questões de segurança, Sebastian Fiedler.

 

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