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Acordo com UE: Lula diz que Brasil está pronto para cumprir exigências ambientais, mas cita entrave em compras governamentais

Presidente brasileiro está em Bruxelas para participar da Cúpula entre Celac e União Europeia, mas sem perder de vista o acordo do bloco europeu com o Mercosul

Foto: Ricardo Stuckert
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O presidente Lula (PT) tornou a sinalizar que estaria disposto a cumprir as exigências ambientais feitas pela União Europeia para fazer avançar o acordo com o Mercosul. Há, porém, segundo o petista, o entrave sobre as compras governamentais, ainda longe de ser superado. A avaliação foi feita em Bruxelas, onde o brasileiro participa da cúpula que reúne países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE).

“O Brasil vai cumprir com sua parte [na questão ambiental]. É compromisso assumido, compromisso de fé. Queremos discutir com o mundo a preservação da floresta”, disse Lula ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta segunda-feira 17.

No primeiro compromisso na Bélgica, Lula optou por não citar diretamente o acordo comercial entre Mercosul e UE, mas ouviu de Ursula a posição europeia sobre o item.

“Queremos discutir como conectar mais nossos povos e nossas empresas. Tudo isso é possível se concluirmos acordo com o Mercosul. Queremos ser parceiros e que possamos chegar a um acordo que beneficie a todos”, disse a presidente. “A UE quer investir na América Latina e no Caribe, criar bons empregos. Queremos discutir como alcançar resultados”, insistiu.

Lula, Ursula von der Leyen e Pedro Sanchez na sessão de abertura do Fórum Empresarial União Europeia-América Latina.
Foto: Ricardo Stuckert

No segundo compromisso, realizado logo em seguida na presença de empresários, Lula foi mais direto sobre o assunto e passou então a citar o principal entrave para a parceria entre as regiões.

“Um acordo entre o Mercosul e a União Europeia equilibrado, que pretendemos concluir ainda neste ano, abrirá novos horizontes. Queremos um acordo que preserve a capacidade das partes de responder os presentes desafios e futuros. As compras governamentais são um instrumento vital para articular investimentos em infraestrutura e sustentar a nossa política industrial”, disse.

O Brasil, conforme tem explicado o petista, não pretende fechar um acordo que permita que europeus participem das licitações. A visão de Lula é de que o modelo enfraqueceria as empresas nacionais, em especial as menores. As compras governamentais, nesta linha de pensamento, seriam indutoras do crescimento econômico do País e, como tem sinalizado Lula, inegociáveis.

A posição coloca um freio no acordo entre UE e Mercosul, que já estava em estágio mais avançado. O presidente brasileiro, que está no comando pro tempore do bloco sul-americano, prepara, inclusive, uma contraproposta que deve ser enviada aos europeus logo após a cúpula da Celac.

Apesar do tema tomar conta dos primeiros compromissos de Lula em Bruxelas, não está no radar fazer avanços concretos nas negociações da UE com o Mercosul. A cúpula deve focar em temas mais globais, como mudança do clima e combate ao crime transnacional. Há também discussões previstas sobre a recuperação global pós-pandemia da Covid-19.

Na agenda desta segunda, Lula ainda tem ao menos três encontros reservados com autoridades, são eles: reunião com a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley; encontro com o rei dos belgas, Filipe I, e com o primeiro-ministro do Reino da Bélgica, Alexander De Croo; e reunião com a presidenta do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.

Mais tarde, Lula deverá ainda comparecer na sessão de abertura da III Cúpula Celac-UE e também participar dos registros de imagens oficiais e do jantar de lideranças ofertados pela organização.

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