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60 milhões de pesos: Milei cobra de movimentos sociais despesa com segurança em protestos

‘Esse gasto não corresponde aos cidadãos’, alegou o porta-voz da Presidência da Argentina, Manuel Adorni

Protesto contra Javier Milei em Buenos Aires, em 20 de dezembro de 2023. Foto: Luis Robayo/AFP
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O governo da Argentina informou nesta sexta-feira 21 que gastou cerca de 60 milhões de pesos na operação de segurança articulada na última quarta, dia da primeira grande marcha contra o ultradireitista Javier Milei desde sua posse.

O valor equivale a aproximadamente 360 mil reais.

Segundo o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, a fatura será enviada a organizações sociais e movimentos de esquerda.

“Vamos notificar as organizações para que assumam esta despesa, que não corresponde aos cidadãos”, disse Adorni, na Casa Rosada.

Segundo ele, o Ministério da Segurança, chefiado por Patricia Bullrich, apresentará um relatório sobre os resultados da operação da última quarta. Ele listou 14 organizações sociais que teriam participado da mobilização.

Ex-candidata presidencial pela Frente de Esquerda, Myriam Bregman classificou o anúncio de Adorni como “um delírio total, sem qualquer sentido”, e fez críticas a Bullrich e ao ministro da Economia, Luis Caputo.

O trajeto do protesto de quarta-feira pelo centro de Buenos Aires foi acompanhado por agentes da Polícia da Cidade, da Polícia Federal, da Polícia Federal Aeroportuária e da Gendarmeria, que tinham como ordem não permitir que os manifestantes bloqueassem ruas e interrompessem totalmente o tráfego.

Nos últimos dias, a gestão de Milei anunciou um protocolo para sufocar as mobilizações populares, ameaçando cortar os benefícios sociais de manifestantes que fechassem vias ou pontes.

Na semana passada, Patricia Bullrich já havia prometido usar “força proporcional à resistência” ao lidar com bloqueios nas ruas. “Se ocuparem as ruas, haverá consequências. Vamos ordenar o país para que as pessoas possam viver em paz.”

Logo após a posse, o governo de Milei decretou uma desvalorização do peso de mais de 50% e apresentou um plano de ajuste fiscal que elimina subsídios ao transporte e aos serviços públicos de energia, além de paralisar as obras de infraestrutura financiadas pelo Estado e cortar os repasses às províncias.

Na noite da última quarta – horas após os protestos, portanto -, Milei também anunciou um “megadecreto” com centenas de medidas, entre elas as revogações da lei de aluguéis, do observatório de preços do Ministério da Economia e dos regulamentos que impedem a privatização de empresas públicas.

Ainda estão na lista a transformação de todas as empresas do Estado em sociedades anônimas para privatização, a reforma do Código Aduaneiro para facilitar as exportações e a autorização para transferência do pacote total ou parcial de ações da companhias aéreas argentinas.

Em diversos bairros de Buenos Aires, as medidas da noite de quarta foram recebidos com panelaços de protesto. Muitas pessoas também seguiram para as ruas próximas ao Congresso para criticar as ações.

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