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Milei ironiza protestos e dobra aposta após megadecreto: ‘Aviso que vem mais’

Em diversos bairros de Buenos Aires, os anúncios da noite de quarta-feira foram recebidos com panelaços

Protesto na noite de 20 de dezembro contra anúncios de Javier Milei, em Buenos Aires. Foto: Luis Robayo/AFP
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O presidente da Argentina, Javier Milei, dobrou a aposta em seu “megadecreto” para desregular a economia do país, anunciado na noite da quarta-feira 20 em rede nacional de TV. Segundo ele, outras medidas serão divulgadas para, supostamente, alterar o “funcionamento do Estado”.

“Até mesmo em nossas próprias fileiras ficaram surpresos com o nível de profundidade da decisão, e aviso que vem mais. Vocês descobrirão em breve”, disse o ultradireitista em entrevista à rádio Rivadavia.

Entre as medidas estão as revogações da lei de aluguéis, do observatório de preços do Ministério da Economia e dos regulamentos que impedem a privatização de empresas públicas.

Também estão na lista a transformação de todas as empresas do Estado em sociedades anônimas para privatização, a reforma do Código Aduaneiro para facilitar as exportações e a autorização para transferência do pacote total ou parcial de ações da companhias aéreas argentinas.

Outro ponto é a a desregulação dos serviços de internet via satélite, possibilitando a entrada no país de empresas como a Starlink, de Elon Musk.

Em diversos bairros de Buenos Aires, os anúncios da noite de quarta-feira foram recebidos com panelaços de protesto. Muitas pessoas também seguiram para as ruas próximas ao Congresso para criticar as medidas.

“Pode ser que existam pessoas que sofrem da Síndrome de Estocolmo. Basicamente, estão abraçadas e apaixonadas pelo modelo que as empobrece, mas essa não é a maioria dos argentinos”, ironizou o presidente na entrevista desta quinta, ao comentar os panelaços.

Durante a tarde de quarta – antes, portanto, do pronunciamento presidencial – movimentos sociais organizaram a primeira manifestação contra o novo governo.

O trajeto pelo centro de Buenos Aires foi acompanhado por agentes da Polícia da Cidade, da Polícia Federal, da Polícia Federal Aeroportuária e da Gendarmeria, que tinham como ordem não permitir que os manifestantes bloqueassem ruas e interrompessem totalmente o tráfego.

Nos últimos dias, a gestão de Milei anunciou um protocolo para sufocar as mobilizações populares, ameaçando cortar os benefícios sociais de manifestantes que fechassem vias ou pontes.

Na semana passada, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, já havia prometido usar “força proporcional à resistência” ao lidar com bloqueios nas ruas. “Se ocuparem as ruas, haverá consequências. Vamos ordenar o país para que as pessoas possam viver em paz.”

Logo após a posse, o governo de Milei decretou uma desvalorização do peso de mais de 50% e apresentou um plano de ajuste fiscal que elimina subsídios ao transporte e aos serviços públicos de energia, além de paralisar as obras de infraestrutura financiadas pelo Estado e cortar os repasses às províncias.

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