Justiça

Três anos após a Chacina de Paraisópolis, Justiça realiza primeira audiência que pode levar PMs a júri popular

O ataque de 31 agentes ao baile funk da DZ7 vitimou nove jovens entre 14 a 23 anos por asfixia

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O juiz Ricardo Augusto Ramos preside nesta terça-feira 25 a primeira audiência de instrução sobre a Chacina de Paraisópolis. Este é o primeiro passo para definir se os doze policiais militares envolvidos na ação devem se tornar réus pela morte de nove jovens de 14 a 23 anos, em 2019. Ao todo, 31 oficiais estavam envolvidos na ação, mas 19 já foram inocentados. 

O caso ocorreu em dezembro de 2019, mas a fase de produção de provas do processo criminal do Massacre só aconteceu neste mês. A primeira audiência do caso ocorre no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, e está prevista para às 13 horas.

Em frente ao local em que o destino do caso pode ser definido nesta terça, as mães e familiares das vítimas organizaram um ato em reivindicação pela reversão da absolvição de 19 policiais militares envolvidos na operação e pedem que todos os 31 policiais militares envolvidos no Massacre sejam levados a júri popular. 

“A ação foi premeditada e qualquer defesa que venha é inaceitável, eles sabiam que corriam risco de vida – todos os envolvidos tem que ser punidos para que isso não aconteça mais, enquanto eles por serem oficiais usar a farda o poder que lhe é dado isso vai perpetuar”, afirmou Maria Cristina Quirino, mãe de Denys Henrique, uma das vítimas do massacre.

Eles ainda requerem que a Secretaria da Segurança Pública conclua as apurações administrativas contra os agentes da segurança pública que tiveram participação no episódio.

“Eles matam os filhos da gente, eles eram inocentes e não estavam envolvidos em crimes, e mesmo se tivessem a policia não pode matar o filho de ninguém, não existe pena de morte no nosso País”, afirmou Cristina. “Isso é uma tortura”. 

Também estão presentes no ato, organizações sociais contra violência policial, organizações estudantis e outras mães que perderam os filhos para a letalidade policial.

Depois do discurso, Cristina passou mal e foi acolhida pelos familiares. Ainda durante o ato, os agentes presentes pediram para retirar as faixas expostas, segundo a defensoria pública, as mensagens não poderiam ficar estendidas na grade do prédio.

Relembre o caso

Em 2019, a operação policial encurralou participantes do baile funk com bombas e tiros. O motivo, segundo a PM apresentou em depoimento do subtenente Leandro Nonato, é de que a equipe foi rodeada pela multidão que jogavam garrafas e pedras. E que, sendo assim, outros policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo e “efeito moral”, tiros de bala de borracha e cassetetes para se protegerem e controlar a situação.

Na ação, nove jovens foram mortos por asfixia, segundo laudo médico. São eles:

  • Marcos Paulo de Oliveira dos Santos (16);
  • Denys Henrique Quirino da Silva (16);
  • Dennys Guilherme dos Santos Franco (16);
  • Gustavo Cris Xavier (14);
  • Gabriel Rogério de Moraes (20);
  • Mateus dos Santos Costa (23);
  • Bruno Gabriel dos Santos (22);
  • Eduardo da Silva (21);
  • Luara Victoria de Oliveira (18). 

No entanto, o relatório final do processo não identificou as ações argumentadas pela corporação.

Os 12 policiais investigados respondem em liberdade. São eles:

  • tenente Aline Ferreira Inácio;
  • subtenente Leandro Nonato;
  • sargento Joao Carlos Messias Miron 
  • cabo Paulo Roberto do Nascimento Severo; 
  • soldado Marcelo Viana de Andrade;
  • soldado Marcos Vinicius da Silva Costa; 
  • soldado Matheus Augusto Teixeira; 
  • soldado Gabriel Luís de Oliveira;  
  • soldado Luís Henrique dos Santos Quero; 
  • soldado Rodrigo Almeida Silva Lima; 
  • soldado José Joaquim Sampaio;  
  • soldado Anderson da Silva Guilherme.

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