Sociedade

1 ano do massacre de Paraisópolis: familiares lutam por justiça

Ato realizado nesta terça-feira 1 cobra respostas e responsabilização dos culpados pelas nove mortes no Baile da 17

Foto: Caio Caciporé Foto: Caio Caciporé
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No data em que se completa um ano do massacre de Paraisópolis, familiares dos nove jovens mortos em decorrência da ação policial no Baile da 17 na comunidade da zona Sul de São Paulo realizaram um ato em homenagem às vítimas.

Os 31 policiais militares envolvidos na ação em dezembro do ano passado estão afastados das ruas até hoje, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, mas nenhum deles foi indiciado até agora.

A Defensoria Pública pediu para o governo de São Paulo indenizar financeiramente as famílias de oito das vítimas. Uma delas ficou de fora da solicitação porque a família não foi encontrada.

Em resposta, o governo disse que a Procuradoria Geral do Estado (PGE) só irá analisar os pedidos de indenizações após a conclusão do inquérito da Polícia Civil, que apura as causas e responsabilidades.

“O acompanhamento das solicitações está sendo feito em conjunto com a Defensoria Pública do Estado, com a realização de mais de dez reuniões ao longo de 2019 para acompanhamento dos pedidos de indenização, cuja instrução depende da conclusão do inquérito policial”, informa comunicado do governo estadual enviado ao portal G1.

A Corregedoria da Polícia Militar chegou a pedir o arquivamento do caso, ao alegar que osPMs agiram em legítima defesa, mas de acordo com a promotora do Ministério Público responsável pelo caso, há indícios suficientes para denunciar parte dos policiais por homicídio doloso – quando há intenção de matar.

Vídeos de moradores da região mostram adolescentes encurralados e cercados pelos agentes, que fecharam as possíveis rotas de saída.

A versão policial é a de que os jovens teriam morrido pisoteados. De acordo com os PMs, eles estavam perseguindo dois homens em uma moto que teriam efetuado disparos.

Os familiares dizem que os agentes bloquearam as ruas com o objetivo de reprimir o baile. Conforme os laudos, os jovem morreram por “asfixia mecânica por sufocação indireta”.

Foto: Caio Caciporé

No ato desta terça-feira 1, amigos e familiares pediram justiça e cobraram respostas.

O caso

A operação do dia 1 de dezembro de 2019 terminou com as mortes de Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16 anos, Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos, Eduardo Silva, 21 anos, Denys Henrique Quirino da Silva, 16 anos, Mateus dos Santos Costa, 23 anos, Gustavo Cruz Xavier, 14 anos, Gabriel Rogério de Moraes, 20 anos, Dennys Guilherme dos Santos Franco, 16 anos e Luara Victoria de Oliveira, 18 anos.

À época, jornalistas chegaram a publicar relatos de agressão no Twitter. Em um deles, é possível ver um grupo de pessoas sendo encurralado pela PM em uma passagem estreita. Os policiais usam os cassetetes para bater nos que estão à frente do grupo.

Mais imagens mostram um agente chutando uma pessoa rendida na parede. A rua parece esvaziada, e outros PMs passam com um homem aparentemente detido pelo local. Um outro vídeo também flagra o momento em que um policial agride uma pessoa que corria na rua.

Na ocasião, o tenente-coronel da PM, Emerson Massera, afirmou e que era “difícil analisar se o procedimento foi correto” no primeiro momento. Ele confirmou que a PM também recebeu os vídeos que denunciam abusos e que iriam averiguar se eles são, de fato, desta madrugada. A polícia reitera que todas as vítimas fatais foram ocasionadas por pisoteamento.

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