Justiça
Moraes suspende destituição de defesa de Filipe Martins e dá novo prazo para alegações finais
O ex-assessor de Bolsonaro apelou ao ministro com uma carta de próprio punho; decisão parecida beneficia a defesa de Marcelo Câmara, outro ex-assessor de Bolsonaro réu pela trama golpista


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, reverteu a própria decisão de destituir os advogados de Filipe Martins e Marcelo Câmara, ex-assessores do governo de Jair Bolsonaro (PL). A ordem contra as defesas da dupla foi tomada na tarde de quinta-feira 9 e revista nesta sexta-feira 10.
Na quinta-feira, Moraes tinha destituído Jeffrey Chiquini, defensor de Filipe, após o advogado deixar de apresentar as alegações finais dos acusados. Na determinação, Moraes designou a Defensoria Pública da União para assumir a defesa. Decisão parecida atingia também o advogado Eduardo Kuntz, responsável pela defesa de Câmara.
No entendimento do ministro, a dupla de advogados tentava agir para atrasar o processo ao não respeitar o prazo para apresentar as alegações finais.
Nesta sexta, Martins procurou o ministro, com uma carta de próprio punho, para tentar reverter a decisão. O pedido foi atendido e o ministro suspendeu sua ordem inicial e deu 24 horas para que Chiquini apresente as alegações finais no caso. Novamente, uma ordem semelhante beneficiou Câmara.
Os ex-assessores de Bolsonaro integram o ‘núcleo 2’ da denúncia, grupo apontado pela Procuradoria-Geral da República como responsável pelo “gerenciamento do golpe”.
Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução
A carta de Martins
Em sua carta ao Supremo, Martins classificava a decisão de Moraes como abusiva, recusava a representação da DPU determinada pelo ministro e pedia que, em último caso, fosse concedido um novo prazo de 24 horas para apresentação das alegações finais no processo. Leia:
Os advogados destituídos
Kuntz e Chiquini já protagonizaram momentos polêmicos no Supremo. Kuntz, por exemplo, vazou conversas dele com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator da trama golpista. O advogado utilizou o episódio para tentar descredibilizar a colaboração.
Chiquini, por sua vez, teve embates mais acalorados com membros da Suprema Corte. Durante a fase de instrução do julgamento de Martins, ele protagonizou discussões com Moraes e com o então juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha. As interrupções eram frequentemente usadas para acusar a Corte de estar conduzindo o processo de maneira ilegal.
Dupla nega tentativa de atrasar o processo
Nesta quarta-feira terminou o prazo para a entrega das alegações do núcleo 2 da trama. As defesas, no entanto, não teriam cumprido o cronograma. Chiquini optou por enviar uma petição incidental, pedindo que Moraes desconsiderasse parte das provas apresentadas pela PGR. Kuntz, por sua vez, alegou que aguardava que o STF juntasse um documento aos autos para só então apresentar as alegações.
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