Justiça

Ricardo Salles será julgado no STF em caso de contrabando de madeira, decide Moraes

O ministro seguiu o parecer da Procuradoria-Geral da República que tem como base a recente mudança nas regras do foro privilegiado

Ricardo Salles será julgado no STF em caso de contrabando de madeira, decide Moraes
Ricardo Salles será julgado no STF em caso de contrabando de madeira, decide Moraes
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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O ministro Alexandre de Moraes confirmou a competência do Supremo Tribunal Federal para julgar o deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (NOVO-SP). A decisão, assinada em 27 de agosto, segue parecer da Procuradoria-Geral da República e tem como base a recente mudança nas regras do foro privilegiado.

Na prática, Salles passou à condição de réu na Corte em uma ação penal envolvendo suposto contrabando de madeira extraída da Amazônia. A investigação contra ele havia sido aberta junto ao STF em maio de 2021, no âmbito da Operação Akuanduba, mas acabou sendo enviada à primeira instância da Justiça Federal do Pará em julho daquele ano, após o agora deputado pedir demissão do ministério.

A mudança no entendimento sobre o foro privilegiado ocorreu em março passado. A Corte decidiu ampliar o benefício e manter a validade da prerrogativa mesmo após uma autoridade deixar o cargo, desde que os crimes tenham sido cometidos no exercício do cargo e em razão das funções a ele relacionadas. Com isso, Moraes determinou o retorno da ação contra o ex-ministro ao STF.

Instado a se manifestar, o PGR Paulo Gonet defendeu a manutenção do processo no tribunal, com a preservação de todos os atuais processuais da 4ª Vara Federal do Pará que, em agosto de 2023, aceitou a denúncia do Ministério Público, tornando o ex-ministro réu pelos crimes de corrupção passiva, crimes contra a flora e organização criminosa.

Além de Salles, são alvos desta ação o ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, e outros servidores do órgão.

De acordo com o MPF,  “a mais alta cúpula do Ministério do Meio Ambiente e a alta direção do Ibama manipularam pareceres normativos e editaram documentos para, em prejuízo do interesse público primário, beneficiar um conjunto de empresas madeireiras e empresas de exportação que tiveram cargas de madeira apreendidas” nos EUA.

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