Justiça

Regulação das redes será julgada pelo STF ainda neste semestre, projeta Toffoli

A discussão mira o artigo 19 do Marco Civil da Internet, que prevê punição às plataformas apenas em caso de descumprimento de decisões judiciais para remoção do conteúdo ilícito

Regulação das redes será julgada pelo STF ainda neste semestre, projeta Toffoli
Regulação das redes será julgada pelo STF ainda neste semestre, projeta Toffoli
Foto: Rosinei Coutinho/STF
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O ministro José Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, projetou liberar para julgamento ainda neste semestre o processo que pode resultar na regulamentação das redes sociais no Brasil. A ação chegou a ser pautada no ano passado, mas sua análise acabou adiada para que o Congresso Nacional se debruçasse sobre o tema.

O comunicado, divulgado pelo gabinete do magistrado nesta terça-feira 9, vem à luz de ataques patrocinados pelo bilionário e dono do X (antigo Twitter), Elon Musk, ao ministro Alexandre de Moraes.

“Os autos deverão ser encaminhados para julgamento até o final de junho deste ano, encontrando-se, a proposta de voto, ainda pendente de ajustes pontuais”, informou Toffoli em nota.

A discussão no STF mira o artigo 19 do Marco Civil da Internet, que prevê punição às plataformas apenas em caso de descumprimento de decisões judiciais para remoção do conteúdo ilícito.

O trecho foi questionado pelo Facebook, sob a alegação de permitir a exclusão dos conteúdos sem análise judicial, permitindo que empresas privadas “passem a controlar, censurar e restringir a comunicação de milhares de pessoas, em flagrante contrariedade àquilo que estabeleceram a Constituição Federal”.

A Corte, contudo, tem sido provocada a reconhecer a possibilidade de punição às empresas que permitirem a circulação de postagens com teor alusivos a atos golpistas e à violência contra determinados grupos sociais, mesmo sem a notificação judicial.

Caso o STF decida pela constitucionalidade do dispositivo questionado na ação, as plataformas poderão ser responsabilizadas pela circulação de conteúdos falsos ou alusivos a crimes previstos na legislação brasileira, como prevê o PL das Fake News.

O texto chegou a entrar em pauta da Câmara dos Deputados no ano passado, mas teve a votação adiada por falta de acordo entre os parlamentares e nunca mais retornou ao plenário. Com os recentes ataques de Musk, parlamentares têm pressionado que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP), a retirar o projeto da gaveta.

Em artigo publicado em CartaCapital, o deputado Orlando Silva (PCdoB-RJ), relator da matéria, afirmou que o ataques do dono do X revelam a “necessidade inadiável de aprovar a regulação democrática” das plataformas digitais.

“Não é razoável que uma das maiores democracias e economias do planeta esteja sujeita a ser enxovalhada por um bilionário excêntrico que decide brincar em seu playground da extrema-direita”, escreveu.

A um grupo de aliados, contudo, Lira indicou que não deve pautar o texto antes que os ânimos sejam distensionados.

Desde o último sábado, Musk tem publicado uma série de mensagens sugerindo que poderia descumprir ordens judiciais brasileiras, muitas delas com ataques ao ministro Alexandre de Moraes.

No domingo 7, o ministro do STF determinou a inclusão do empresário norte-americano no Inquérito das Milícias Digitais, a mirar grupos que atentam contra a democracia. A acusação é que Musk teria praticado uma “dolosa instrumentalização criminosa” da rede social.

O despacho ordena que o X se abstenha de desobedecer qualquer decisão judicial, incluindo a reativação de perfis suspensos pelo Supremo, sob pena de multa diária de 100 mil reais por conta, além de outras consequências legais.

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