Na 12ª fase da Operação Lesa Pátria, que tem como objetivo identificar envolvidos nos atos golpistas do 8 de Janeiro, em Brasília (DF), a Polícia Federal prendeu, nesta terça-feira 23, o major Flávio Silvestre de Alencar, da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Ele já tinha sido preso no dia 7 de fevereiro, durante a 5ª fase da mesma operação.
De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, a PMDF encontrou no celular de Alencar uma troca de mensagens anteriores ao 8 de Janeiro, nas quais o major afirma que, em caso de manifestações na Esplanada dos Ministérios, a PM deveria liberar as invasões. O celular foi apreendido na 5ª fase da Lesa Pátria e as mensagens, de acordo com a publicação, foram postadas em um grupo de oficiais da PM.
Alencar atuou, no 8 de Janeiro, como comandante em exercício do 6º Batalhão da PMDF, responsável pela Esplanada dos Ministérios. Especialista em controle de distúrbios civis e patrulhamento tático, segundo o próprio currículo, ele foi flagrado pelas câmeras do Supremo Tribunal Federal (STF) permitindo o acesso dos golpistas ao tribunal, durante a depredação.
Além disso, ele é suspeito de ter facilitado o desmonte da barreira contra o grupo golpista, na rampa que liga o STF ao Congresso Nacional.
Ao ser preso em fevereiro, em depoimento aos investigadores, Alencar disse que achou “muito estranho ter sido convocado” para convocar o efetivo no 8 de Janeiro, uma vez que, pela sua patente, não é comum que um major atue em manifestações de grande porte.
Ele justificou a retirada de policiais, na ocasião, dizendo que recebeu a informação de que Josiel Pereira César, ajudante de ordens comandante-geral, além do próprio comandante, estavam presos pelos golpistas. Por isso, solicitou o envio de 16 policiais, para que o acompanhassem até o interior do Congresso Nacional e resgatar o comandante-geral. Alencar afirmou que a ação “não prejudicou o confronto com os manifestantes”.
Também no depoimento de fevereiro, ao tratar das imagens das câmeras de segurança – pelas quais ele ordena a retirada do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da lateral do Congresso -, Alencar disse que o vídeo “divulgado nas mídias foi editado”.
Nesta 12ª fase, a Lesa Pátria investiga fatos que, se confirmados, podem indicar os crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado, entre outros.
Até o momento, a defesa de Flávio Silvestre de Alencar não se manifestou sobre a prisão.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login