Justiça

PF prende duas pessoas em nova fase da operação contra fraude no INSS

Os agentes cumprem outros cinco mandados de busca e apreensão no âmbito da Operação Sem Desconto

PF prende duas pessoas em nova fase da operação contra fraude no INSS
PF prende duas pessoas em nova fase da operação contra fraude no INSS
Fachada do Edifício Sede do Instituto Nacional do Seguro Social - Previdência Social. Foto: Pedro França/Agência Senado
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A Polícia Federal prendeu, na manhã desta terça-feira 17, duas pessoas por suspeita de envolvimento na fraude no INSS. As identidades dos alvos da nova fase da Operação Sem Desconto ainda não foram divulgadas.

Segundo a corporação, os presos estavam em Aracaju e Umbaúba, cidades do Sergipe. A corporação não revelou qual o papel que os alvos desempenhavam no esquema.

Os agentes também cumprem cinco mandados de busca e apreensão em cidades do Sergipe, além do sequestro de cinco imóveis vinculados aos investigados. Os bens são avaliados em aproximadamente 12 milhões de reais.

“A operação busca recuperar bens e avançar nas investigações sobre os descontos indevidos aplicados a benefícios do INSS, com foco na recomposição do erário e na responsabilização dos autores”, explica a PF em nota.

A fraude no INSS

A fraude no INSS foi revelada em abril deste ano com uma operação da PF em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU). Na ocasião, os órgãos apontaram indícios de um esquema de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões no período entre 2019 e 2024.

Em tese, esses descontos deveriam ser autorizados pelos titulares dos benefícios. Em troca dos valores, as entidades poderiam oferecer, por exemplo, descontos em mensalidades de academias, convênios de planos de saúde, auxílio-funeral, assistência jurídica e outros serviços.

Na prática, não era isso que acontecia. Os valores eram descontados dos contracheques de cerca de 6 milhões de aposentados e pensionistas. A maioria deles, porém, não tinha autorizado a retirada do dinheiro.

Os prejuízos aos aposentados e pensionistas podem ter passado de 6 bilhões de reais. Na ocasião, 11 entidades associativas foram citada na operação. Os números, porém, podem ser maiores.

Queda da cúpula do INSS

Em abril, a Operação Sem Desconto causou a queda de parte da cúpula de comando do INSS.

Foram afastados dos cargos o então presidente do instituto, Alessandro Stefanutto; o diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, Vanderlei Barbosa dos Santos; o procurador-geral junto ao INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho; o coordenador-geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente, Giovani Batista Fassarella Spiecker, e o coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios, Jucimar Fonseca da Silva.

Dias depois, diante do desgaste causado ao governo pela operação, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, também foi demitido. Ele foi substituído por Wolney Queiroz, seu correligionário.

Restituição

O governo federal agora atua na restituição do dinheiro desviado dos aposentados. Uma operação foi montada para que os afetados pela fraude contestem os descontos. Se comprovada a irregularidade, o dinheiro será devolvido. Parte destes recursos, inclusive, já está sendo liberada.

CPMI

A fraude também teve repercussões políticas, com pedidos para aberturas de comissões parlamentares de inquéritos. A mais próxima de sair do papel é uma investigação mista – com senadores e deputados – que deve ser instalada nesta terça-feira 17 pelo presidente do Congresso Nacional. Segundo apurou CartaCapital, o comando da CPMI deve ser dado ao senador Omar Aziz (PSD-AM) e a relatoria será entregue a um bolsonarista.

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