Justiça
‘Nos remete à escravidão’, diz ouvidor das polícias sobre homem amarrado e carregado por PMs
Na avaliação de Cláudio da Silva, embora a PM paulista possua uma das maiores grades teóricas em Direitos Humanos, o conteúdo não é aplicado na prática
A cena foi gravada na Unidade de Pronto Atendimento na Vila Mariana, em São Paulo, no domingo 4. Mas só ganhou a devida repercussão no dia seguinte, depois de uma indignada manifestação do Padre Júlio Lancelotti nas redes sociais.
O órgão abriu um procedimento para esclarecer os fatos. A ouvidoria também enviará, ainda nesta quarta 7, um ofício ao secretário de segurança pública, o comandante-geral da Polícia Militar e o delegado-geral da Polícia Civil, sugerindo a criação de um grupo de trabalho envolvendo, além da ouvidoria e os demais órgãos de segurança paulistas, especialistas e movimentos sociais.
“Resolver a questão das abordagens policiais truculentas podem diminuir pela metade os problemas com a população”, disse Silva.
Na avaliação do ouvidor, embora a PM paulista possua uma das maiores grades teóricas em Direitos Humanos, o conteúdo não é aplicado na prática. “Não podemos continuar alimentando a hipótese do policial como herói. Ser herói desumaniza ele”, defende. “Precisamos virar esta chavinha e tratá-los como classe trabalhadora.”
Para esclarecer toda a ação policial, Silva enviou um pedido formal à Polícia Militar e Civil das imagens das câmeras portáteis dos agentes, da unidade hospitalar e das câmeras de segurança do local onde o homem praticou o furto.
Silva conta que foi acionado antes do vídeo ganhar repercussão. Sem se identificar, a pessoa que gravou o vídeo denunciou a abordagem e disse ter sido conduzida pelos PMs ao 27° Distrito Policial, onde foi ouvida. O denunciante relatou ainda ter sido intimidado por parte dos agentes.
O que dizem a PM e a SSP
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