Justiça
MP-SP recorre de decisão de Toffoli que anulou acordo com Odebrecht
Provas anuladas por Toffoli foram obtidas a partir do acordo de leniência firmado entre a Odebrecht e o MPF em 2017


Ministério Público de São Paulo recorreu nesta quarta-feira 20 contra a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que anulou todas as provas do acordo de leniência da Odebrecht utilizadas na Operação Lava Jato.
As provas anuladas por Toffoli foram obtidas a partir do acordo de leniência firmado entre a Odebrecht e o Ministério Público Federal em 2017.
De acordo com o procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo, a instituição utilizou os dados em razão de acordos realizados diretamente com a Odebrecht, a partir do ano de 2017, e não por adesão a acordos firmados pelo Ministério Público Federal.
Segundo o MP-SP, determinação de invalidação de provas é “ampla e genérica”, o que afetaria investigações e processos que não eram objeto da reclamação.
“No Ministério Público do Estado de São Paulo tramitam diversas ações e investigações que envolvem a Odebrecht e elementos obtidos a partir dos sistemas Drousys e MyWebDayB que poderão ser afetadas pela decisão agravada”, registrou Sarrubbo.
Antes mesmo da ação do MP-SP, a Associação Nacional de Procuradores da República já havia afirmado que iria recorrer da decisão de Toffoli.
Entenda a decisão de Toffoli
A decisão do ministro foi no âmbito da reclamação feita pela defesa de Lula ao STF, que garantiu acesso aos arquivos da Operação Spoofing.
A Corte já havia anulado as provas obtidas pelo acordo em diversos outros processos, incluindo o do presidente Lula, no entanto, a decisão de Toffoli estende a determinação para todas as outras ações que foram “contaminadas” pelo acordo considerado ilegal.
Para o ministro, os envolvidos no acordo “desrespeitaram o devido processo legal, descumpriram decisões judiciais superiores, subverteram provas, agiram com parcialidade (…) e fora de sua esfera de competência”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

TCU revaliará decisões sobre a Odebrecht na Lava Jato
Por CartaCapital
Odebrecht: Moro pede a convocação de Dino, que rebate: ‘Quem deve explicações é o ex-juiz suspeito’
Por CartaCapital