Justiça
Moraes: Justiça Eleitoral combate quem é contrário a ‘ideais constitucionais e republicanos’
O ministro se manifestou em homenagem aos 90 anos da Justiça Eleitoral, em meio a ataques do presidente Jair Bolsonaro às instituições e ao sistema eleitoral brasileiro


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, disse nesta quinta-feira 19 que a Justiça Eleitoral combate “aqueles que são contrários aos ideais republicanos”.
Moraes se manifestou em homenagem aos 90 anos da Justiça Eleitoral, em meio a ataques do presidente Jair Bolsonaro às instituições e ao sistema eleitoral brasileiro. O magistrado assumirá a presidência do TSE em agosto e estará no cargo durante o pleito de outubro.
Segundo Moraes, a Justiça Eleitoral “nasceu com muita vontade, nasceu com muita coragem de lutar pela democracia e com muita coragem de lutar contra um sistema que, à época, era um sistema que tentava capturar a vontade soberana do povo, desvirtuando os votos que eram colocados nas urnas”.
“Esse foi o surgimento da Justiça Eleitoral: vontade de concretizar a democracia e coragem para lutar contra aqueles que não acreditam no estado democrático“, acrescentou o juiz. “A vontade de democracia e a coragem de combater aqueles que são contrários aos ideais constitucionais e republicanos permanece na Justiça Eleitoral.”
Moraes ainda declarou que os brasileiros “só têm do que se orgulhar” da Justiça Eleitoral e que o trabalho é “sério, duro, de organização, de fiscalização – e, mais do que isso, de afirmação dos valores democráticos, dos valores republicanos, de conquista do Estado Democrático de Direito”.
Na quarta-feira 18, o presidente do STF, Luiz Fux, afirmou que a Corte se mantém em vigília permanente contra milícias digitais que atuam para minar a credibilidade do Poder Judiciário. Ele também saiu em defesa do ministro Alexandre de Moraes, alvo constante de uma ofensiva de Bolsonaro.
Ainda na quarta 18, imediatamente após o ministro Dias Toffoli, do STF, rejeitar uma notícia-crime de Bolsonaro contra Moraes, o ex-capitão decidiu acionar a Procuradoria-Geral da República. A peça está na Central de Relacionamento e Atendimento ao Cidadão.
Na representação, Bolsonaro repete a estratégia: alega que Moraes teria praticado abuso de autoridade no âmbito do Inquérito das Fake News.
A notícia-crime levada ao STF foi arquivada por Toffoli. Na decisão, o magistrado afirmou não haver crime nas práticas de Moraes.
“Os fatos descritos na ‘notícia-crime’ não trazem indícios, ainda que mínimos, de materialidade delitiva, não havendo nenhuma possibilidade de enquadrar as condutas imputadas em qualquer das figuras típicas apontadas”, escreveu Toffoli. “Considerando-se que os fatos narrados na inicial evidentemente não constituem crime e que não há justa causa para o prosseguimento do feito, nego seguimento.”
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Guedes diz ser contrário à reeleição, mas quer novo mandato de Bolsonaro
Por Estadão Conteúdo
Bolsonaro ignorou recomendações da ONU para proteção de indígenas
Por CartaCapital
Flávio Bolsonaro repete mentiras do pai e diz que TSE arquiteta vitória de Lula
Por CartaCapital