Justiça

Justiça manda partido devolver dinheiro após Alessandro Vieira se autodeclarar pardo

A decisão foi tomada pelo TRE de Sergipe por 5 votos a 1. O senador disse a CartaCapital que recorrerá e que sempre se autodeclarou pardo

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A Justiça Eleitoral de Sergipe mandou a federação PSDB-Cidadania devolver pouco mais de 34 mil reais aos cofres públicos em até cinco dias pelo recebimento indevido de recursos destinados a candidaturas negras nas eleições de 2022. O caso diz respeito à autodeclaração do senador Alessandro Vieira, atualmente filiado ao MDB.

Os juízes do Tribunal Regional Eleitoral entenderam que o parlamentar, apesar de se autodeclarar pardo, não se enquadra nos critérios para ter direito à verba.

Ao todo, Vieira recebeu mais de 5 milhões de reais do fundo eleitoral. A autodeclaração como pardo repercutiu negativamente e causou desgaste na campanha do então postulante ao governo estadual.

O julgamento sobre o tema aconteceu na tarde desta segunda-feira 18. Os integrantes da Corte decidiram rejeitar, por 5 votos a 1, embargos de declaração apresentados pelo PSDB – partido pelo qual Vieira concorreu – que questionavam a aprovação, com ressalvas, da prestação de contas.

Apenas o juiz Edmilson da Silva Pimenta, relator do caso, defendeu considerar os argumentos do senador. Os demais magistrados seguiram o desembargador Diógenes Barreto, que endossou a posição do Ministério Público e disse não ter visto “características do padrão pardo de ser”.

Procurado, Alessandro Vieira disse à reportagem que deve recorrer da decisão. Afirmou também que sempre se autodeclarou pardo e ponderou que os membros da Corte regional “estão profundamente equivocados”.

Ele ainda enviou uma foto de sua primeira carteira de identidade, na qual sua cor é descrita como “parda clara”. Em 2018, quando foi eleito senador, Vieira se declarou pardo.

“Com muito orgulho, pelo lado materno tenho ascendentes Guaranis, algo que sempre foi pacífico na minha casa. Fui registrado como pardo, minha primeira carteira de identidade me aponta como pardo”, disse o parlamentar. “Agora, em uma discussão sobre prestação de contas do partido, com foco em 33 mil reais, se tenta criar uma polêmica vazia.”

De acordo com a tese do Ministério Público, o então candidato recebeu cerca de 33 mil reais após o término do prazo para prestação de contas parcial da campanha. O envio do montante, segundo a acusação, teria prejudicado a isonomia entre candidaturas negras e femininas.

Os questionamentos sobre a autodeclaração de Vieira aconteceram à luz da polêmica envolvendo o então candidato ao governo da Bahia ACM Neto (União Brasil).

À época, as críticas foram encampadas pelo principal opositor de Vieira na disputa pelo governo de Sergipe, o senador Rogério Carvalho (PT), que chegou a cogitar “má-fé” do colega de Parlamento. “Por qual motivo ele se declarou pardo? Será que é porque isso aumenta o valor do fundo partidário? Ele que combateu o fundo partidário, entrou no STF contra o fundo”, disparou o petista durante o pleito.

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