A Corregedoria-Geral da Justiça do Ceará abriu uma sindicância, nesta segunda-feira 7, para apurar a conduta do juiz Francisco José Mazza Siqueira. Durante uma audiência, ele questionou o depoimento de mulheres que denunciavam um médico por violência sexual.
O caso aconteceu em 26 de julho, quando dez mulheres denunciavam o médico Cícero Valdizébio Pereira Agra por abusos que teriam ocorrido em 2021.
Ao ouvir o relato de uma das vítimas, que dizia ter sido tocada nas partes íntimas sem consentimento, o juiz colocou o depoimento em xeque ao alegar que era assediado por mulheres quando era professor.
“Tinha aluna que chegava se esfregando em mim – aqui não tem nenhuma criança, todo mundo é adulto – e dizia: ‘professor, não sei o quê, não sei o quê…’. Eu dizia: ‘minha filha, é o seguinte, quando eu deixar de ser seu professor, você faça isso comigo'”, disse o magistrado.
“Quem acha que mulher é boazinha, estão tudo enganado, viu? Eita bicho… bicho de mão pesada, bicho da língua grande e que chuta as partes baixas é mulher.”
Em nota encaminhada à reportagem, o Tribunal de Justiça do Ceará ainda informou que o caso está sob análise do órgão correcional para estudar a aplicação de outras medidas cabíveis.
A presidenta da Comissão da Mulher Advogada e vice-presidenta da OAB Ceará, Christiane Leitão, reforçou que cabe ao magistrado reitor do processo zelar pela integridade física e psicológica da vítima, sobretudo em crimes contra a dignidade sexual. “Mais ainda, a depender do caso, pode-se estar diante de caso crime de violência institucional”, afirmou.
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