Justiça condena Igreja Mundial após pastor chamar grevistas de ‘endemoniados’

Instituição liderada pelo apóstolo Valdemiro Santiago estava inadimplente quanto ao pagamento dos salários dos funcionários

Reprodução redes sociais

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A Justiça do Trabalho de São Paulo condenou a Igreja Mundial do Poder de Deus a pagar 15 mil reais de indenização a uma empregada por danos extrapatrimoniais.

A instituição religiosa é liderada pelo apóstolo Valdemiro Santiago. 

A indenização decorreu de uma declaração de Valdemiro a classificar os trabalhadores da igreja que estavam em greve de “pessoas imundas, incrédulas, avarentas e endemoniadas”. A paralisação era uma forma de protesto contra salários atrasados.

Segundo testemunhas, as ofensas foram proferidas durante um culto em que estavam presentes milhares de pessoas. 

Na pregação, o pastor disse também que “os funcionários que estavam em greve não eram dignos de trabalharem lá, eram ingratos” e que “mandaria todos embora em razão dos grevistas e terceirizaria tudo”. 

Em audiência, a defesa da Igreja Mundial alegou que a instituição desconhecia o caso.


Contra o argumento, a juíza Fernanda Zanon Marchetti, da 3ª Vara do Trabalho de São Paulo, anotou que ao representante da instituição “não é facultado desconhecer fato essencial ao deslinde do feito, atraindo a pena de confissão ficta quanto aos fatos desconhecidos”. 

Na sentença, assinada em 4 de setembro, a magistrada esclareceu que “a crença religiosa não pode servir de escusa para agredir pessoas, de forma deliberada, qualificando-as pejorativamente”.

“Palavras impensadas ditas em um púlpito diante de milhares de pessoas (fiéis seguidores) devem ser frontalmente repudiadas pelo Poder Judiciário, não se tratando de uma afronta à liberdade religiosa ou controle das pregações, mas de coibir abusos praticados, que poderiam incitar violência na multidão.”

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