Justiça

Investigação do assassinato de Marielle foi encerrada com prisão de mandantes, diz Lewandowski

Para o ministro, o encerramento do caso representaria um ‘triunfo do Estado contra o crime organizado’; ele não descarta novas investigações caso surjam outros elementos relacionados ao caso

Investigação do assassinato de Marielle foi encerrada com prisão de mandantes, diz Lewandowski
Investigação do assassinato de Marielle foi encerrada com prisão de mandantes, diz Lewandowski
Foto: Tom Costa / MJSP
Apoie Siga-nos no

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, deu como encerrada a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes com a prisão dos supostos mandantes do crime neste domingo 24, pela Polícia Federal.

Foram presos nessa operação, o atual conselheiro do TCE-RJ, Domingos Brazão, o deputado federal Chiquinho Brazão, e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa. Os Brazão foram apontados pela PF como mandantes do crime, enquanto o delegado citado como autor do delito, por ter atuado no ‘panejamento meticuloso’ da ação e, após o crime, agido para impedir que a dupla de idealizadores fosse desmascarada.

A afirmação de Lewandowski sobre o encerramento da investigação ocorreu em entrevista coletiva, concedida em Brasília, ao lado do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.

O trabalho se encerra até que venham, eventualmente, novos elementos. No momento temos bem claro quem são executores do crime odioso, hediondo e de natureza política. A polícia identificou os mandantes e demais envolvidos”, afirmou o ministro na entrevista.

“Claro que podemos ter mais elementos, em relatório suplementar da Polícia, mas, nesse momento, os trabalhos foram dados como encerrados“, insistiu Lewandowski.

O ministro classificou a investigação finalizada como “um triunfo expressivo do Estado brasileiro contra a criminalidade organizada”. Para ele, o modus operandi da milícia, descrito nas mais de 400 páginas do relatório final da PF sobre o caso, podem auxiliar em novas ações contra o grupo.

Motivação diversa

Apesar de encerrada a investigação, resta ainda, na avaliação de familiares da vereadora, uma explicação mais contundente sobre as motivações dos criminosos para matar Marielle. Questionado sobre o tema, o diretor da PF disse que é difícil apontar um fato único que levou o grupo Brazão a contratar Lessa para o atentado.

“A motivação precisa ser olhada num contexto. A gente não pode dizer que teve um único e exclusivo fato. São várias situações que envolvem Marielle e que levaram o grupo de oposição, que envolve a questão política e a milícias, além de disputas de territórios, regularização de terrenos e loteamentos”, explicou Rodrigues. “Toda essa disputa culminou no assassinato.”

Mais adiante, Rodrigues insistiu na posição de que são vários os fatores que levaram ao crime, mas informou que a disputa pela regularização de loteamentos de interessa das milícias pode ter sido a gota d’água. A avaliação também foi feita por Lewandowski, que leu um trecho da decisão de Alexandre de Moraes, ordenando a prisão dos supostos mandantes.

“Aqui impende destacar que esse cenário recrudesceu justamente no segundo semestre de 2017, atribuído pelo colaborador como a origem do planejamento da execução ora investigada, ocasião na qual ressaltamos a descontrolada reação de Chiquinho Brazão à atuação de Marielle na apertada votação do projeto de lei à Câmara nº 174/2016, externada pelo assessor Arlei Assucena”, leu o ministro.

“[As investigações] Apontam diversos indícios do envolvimento dos Brazão, em especial Domingos, com atividades criminosas, incluindo-se nesse diapasão as relacionadas com milícias e ‘grilagens’ de terras, e, por fim, ficou delineada a divergência no campo político sobre questões de regularização fundiária e defesa do direito à moradia”, prosseguiu Lewandowski na leitura.

Após ler, o ministro então reafirmou a conclusão de que a motivação básica da morte da vereadora Marielle Franco foi a oposição a esse grupo. que queria regularizar terras para fins comercias, enquanto ela queria para fins sociais.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo