Justiça
Grupo Prerrogativas endossa declaração de Barroso: ‘Repulsa ao extremismo é uma obrigação’
O coletivo, crítico da Lava Jato, mantém divergências com o ministro do STF, mas contesta a repercussão sobre a ‘derrota do bolsonarismo’


O grupo Prerrogativas, formado por advogados e juristas, afirmou que as declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso em um Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Brasília, não representam uma quebra de sua imparcialidade como julgador.
Na quarta 12, o magistrado foi vaiado por estudantes que contestavam sua conduta diante do piso salarial da enfermagem e no processo de derrubada de Dilma Rousseff, em 2016.
“Aqueles que gritam, que não colocam argumentos na mesa, isso é o bolsonarismo”, reagiu. “Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas.”
O Prerrogativas, crítico do modus operandi da Lava Jato, mantém profundas divergências com Barroso, que em diversas ocasiões se alinhou à operação e foi considerado um dos expoentes da ala “lajavatista” no Judiciário.
Segundo o grupo, coordenado por Marco Aurélio de Carvalho, porém, a “repulsa” ao extremismo é “uma obrigação de todos que mantenham compromisso com a preservação da democracia em nosso País”. A partir desta premissa, entende a declaração de Barroso como “necessária estigmatização a uma espécie deletéria de radicalização, nociva à estabilidade das regras do jogo democrático”.
“A expressão utilizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, ao considerar haver sido derrotado o ‘bolsonarismo’ no âmbito da sociedade brasileira, faz referência ao êxito da resistência ao extremismo político anômalo e ao golpismo por ele patrocinados”, prossegue o coletivo. “Assim, entende o grupo Prerrogativas que não há motivos para que o Ministro Barroso seja recriminado por sua declaração, muito menos acusado de por meio dela violar o seu dever de isenção.”
Barroso se justificou na quinta-feira 13 por exaltar o fato de o Brasil ter derrotado o bolsonarismo – ao menos nas urnas – em 2022.
“Na data de ontem, em Congresso da União Nacional dos Estudantes, utilizei a expressão ‘derrotamos o bolsonarismo’, quando na verdade me referia ao extremismo golpista e violento que se manifestou no 8 de Janeiro e que corresponde a uma minoria”, disse o magistrado, em nota. “Jamais pretendi ofender os 58 milhões de eleitores do ex-Presidente nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática, que é perfeitamente legítima.
Ele ainda disse manter “o maior respeito por todos os eleitores e por todos os políticos democratas, sejam eles conservadores, liberais ou progressistas”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

‘Derrotamos o bolsonarismo’: Barroso diz ter se referido ao ‘extremismo golpista’ em ato da UNE
Por CartaCapital
‘Inadequada e infeliz’: Pacheco critica declaração de Barroso, mas não se compromete com impeachment
Por CartaCapital
Por que Barroso é um dos alvos preferidos de Bolsonaro e da extrema-direita
Por Leonardo Miazzo