Justiça
‘Falseou a verdade na polícia ou aqui’: a bronca de Moraes em ex-comandante do Exército
O STF ouviu Marco Antônio Freire Gomes como testemunha na ação penal do golpe
O ministro Alexandre de Moraes advertiu, nesta segunda-feira 19, o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes, durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal, por ver indícios de contradição em relação ao que o general disse à Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022.
Freire Gomes foi arrolado como testemunha de acusação pela Procuradoria-Geral da República na ação penal do golpe. A oitiva mira o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados, apontados como integrantes do núcleo crucial da intentona. Nessas audiências, as testemunhas respondem a perguntas do juiz auxiliar do gabinete de Moraes, da PGR e das defesas dos réus.
O ministro do STF interrompeu a oitiva após o ex-comandante da Força dizer que não poderia afirmar se Almir Garnier, ex-chefe da Marinha, teria concordado com a proposta de Bolsonaro para reverter a vitória de Lula (PT) em 2022. Ao responder a uma pergunta da PGR, o militar declarou não ter visto “conluio” na postura de Garnier em uma reunião com o ex-capitão.
“Antes de responder, pense bem. A testemunha não pode deixar de falar a verdade. Se mentiu na polícia, tem que falar que mentiu na polícia. Não pode agora no STF dizer que não sabia”, afirmou Moraes, de acordo com registro da TV Globo. “Ou o senhor falseou a verdade na polícia ou está falseando aqui”.
Ao ser confrontado, o general negou ter mentido. “Com 50 anos de Exército, eu jamais mentiria. Eu e o brigadeiro Baptista [então comandante da Aeronáutica] nos colocamos contrários ao assunto. Não me recordo efetivamente da posição do ministro da Defesa, e o Almir Garnier colocou essa postura de estar com o presidente. Não omiti o dado. Sei plenamente o que eu falei. A intenção do que ele quis dizer com isso não me cabe”.
No relato à PF, Freire Gomes afirmou que Bolsonaro apresentou, em reuniões no Palácio do Alvorada, três diferentes “institutos jurídicos” que permitiriam uma ruptura antidemocrática após a derrota para Lula nas urnas. Nesta segunda-feira, ele confirmou ter sido chamado a discutir o documento, classificado por ele como um “estudo”.
“O presidente apresentou apenas como informação, que nos disse que aquele era apenas para que nós soubéssemos que estava desenvolvendo um estudo sobre o assunto. Não nos demandou qualquer opinião sobre o assunto”, pontuou o ex-comandante do Exército.
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