Justiça

Fachin derruba condenação de delegado de Mato Grosso que chamou o MP de ‘vergonha nacional’

Para o ministro do STF, a sentença do TJ-MT representava um atentado à ampla liberdade de expressão

Fachin derruba condenação de delegado de Mato Grosso que chamou o MP de ‘vergonha nacional’
Fachin derruba condenação de delegado de Mato Grosso que chamou o MP de ‘vergonha nacional’
O Ministro Edson Fachin. Foto: Nelson Jr./STF
Apoie Siga-nos no

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, derrubou uma decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso que condenava o delegado da Polícia Civil Flávio Stringueta a pagar uma indenização de 20 mil reais por ofensas contra o Ministério Público estadual.

Em um artigo, Stringueta se referiu ao órgão como uma “vergonha nacional” e disse se tratar de “uma organização criminosa que se utiliza do aparato institucional para se apropriar indevidamente do erário, além de outras coisas, como desvio de verbas”.

A Justiça de primeira instância negou a ação de indenização por danos morais apresentada pela Associação Mato-Grossense do Ministério Público, sob o argumento de que as afirmações do delegado se baseiam em notícias de conhecimento público.

Após um recurso, porém, o TJ-MT condenou Stringueta a partir do entendimento de que houve abuso do direito à liberdade de informação, opinião e crítica jornalística. Ao cassar a decisão, em 18 de abril, Fachin rejeitou o argumento.

“Afirmar que a utilização da expressão ‘vergonha nacional’ possa ser um ataque – e, portanto, no contexto da decisão, uma fala proibida – seria o mesmo que exigir do reclamante manifestação de apreço ou orgulho sobre a notícia que objetivava criticar“, escreveu o relator.

Por isso, segundo Fachin, condenar o delegado ao pagamento de uma indenização representaria uma decisão “atentatória à ampla liberdade de expressão, tal como consagrada na jurisprudência desta Corte“.

Leia a íntegra da decisão:

downloadPeca

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo