Justiça

Deputado do PT cobra investigação de Dallagnol e procuradores da Lava Jato no CNMP

Reclamação disciplinar apresentada por Paulo Teixeira (SP) pede instauração de processo e demissão de membros da força-tarefa

Dallagnol
Deltan Dallagnol, pré-candidato a deputado federal pelo Paraná. Foto: Evaristo Sá/AFP Deltan Dallagnol. Foto: Evaristo SA/AFP
Apoie Siga-nos no

Advogados do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) entraram com uma reclamação disciplinar no Conselho Nacional do Ministério Público em que pedem a apuração da conduta do procurador Deltan Dallagnol e de outros doze membros da força-tarefa da Operação Lava Jato. O ofício foi assinado no domingo 7.

A defesa do parlamentar pede instauração de processo administrativo disciplinar para a apuração de possíveis infrações dos procuradores, como improbidade administrativa, incontinência pública e escandalosa contra a dignidade da Instituição e revelação de assunto de caráter sigiloso. Caso as infrações sejam comprovadas, os procuradores devem ser demitidos, segundo pedem os autores da reclamação.

Os reclamantes pedem que o Supremo Tribunal Federal seja oficiado para que compartilhe com o CNMP a íntegra do material apreendido na Operação Spoofing. O conteúdo inclui diálogos trocados entre os procuradores e o ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, com acesso liberado pelo ministro Ricardo Lewandowski à defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Querem também que seja requisitada a cópia de todos os acordos de leniência e delações premiadas celebrados pela força-tarefa. Esses acordos são firmados para beneficiar o infrator com uma punição mais amena, desde que ele colabore com informações para, supostamente, desvendar esquema criminoso.

Solicitam ainda a notificação dos alvos da reclamação em no máximo dez dias, para que prestem esclarecimentos sobre as mensagens extraídas de suas contas no Telegram. Para a defesa de Teixeira, as conversas levantam suspeitas de conluio entre juiz e procuradores e de cooperação clandestina com autoridades estrangeiras.

O ofício reproduz alguns diálogos que configurariam “atuação clandestina, à margem dos canais formais e oficiais de comunicação” e diz que o compartilhamento de informações com agentes do exterior era naturalizado “a ponto de se questionarem quando seria dado informalmente ou formalmente”.

Em um dos diálogos, Dallagnol chega a informar à força-tarefa que o procurador suíço Stefan Lenz lhe pediu para comunicar que impunha a troca de advogados da empreiteira Odebrecht, signatária de acordos de leniência no caso de Lula.

“É estarrecedora a subalternidade dos procuradores brasileiros diante dos agentes estadunidenses e suíços”, escrevem os autores da reclamação.

Na última semana, deputados petistas entraram com uma notícia-crime contra Sérgio Moro e Deltan Dallagnol na Procuradoria-Geral da República, por “manipulação fraudulenta” do sistema de Justiça no âmbito da Lava Jato.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo