Justiça

De advogado a assessor de Bolsonaro, quem são os alvos da operação de hoje da PF

Polícia Federal investiga esquema de venda de presentes oficiais a Bolsonaro por figuras do entorno do ex-presidente

PF mira entorno do ex-capitão em nova operação. São alvos: o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid; seu pai, o general Mauro Lourena Cid; e o advogado do clã do ex-capitão Frederick Wassef.
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A Polícia Federal (PF) realizou, na manhã desta sexta-feira 11, uma operação contra figuras importantes do entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ação de hoje decorre das investigações sobre as ações do grupo bolsonarista, que inclui o pai do tenente-coronel Mauro Cid, Mauro César Lourena Cid, no caso das joias. A suspeita é de que o grupo negociou ilegalmente presentes dados ao governo Bolsonaro por autoridades estrangeiras.

Segundo as investigações, os envolvidos no esquema converteram os valores obtidos das vendas dos itens aos seus patrimônios pessoais. O objetivo, ainda de acordo com a PF, seria ocultar a origem dos valores, em um caso clássico de corrupção e lavagem de dinheiro, como definiu o ministro da Justiça, Flávio Dino, ao comentar a operação, na manhã de hoje.

Todos os investigados têm como ponto em comum, como mencionado, a relação com Bolsonaro. Um deles, Mauro César Lourena Cid, foi colega do ex-capitão na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), ainda nos anos 1970. Outro, Frederick Wassef, foi advogado do ex-presidente.

Saiba mais sobre os alvos da operação de hoje da PF.

Mauro Cid pai

Pai de Mauro Cid, Lourena Cid é general e ocupou, durante o governo Bolsonaro, cargo militar em Miami, nos EUA, vinculado à Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).

O ponto principal que levantou suspeitas dos investigadores sobre o general diz respeito a movimentações financeiras.

Segundo um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o general movimentou quase 4 milhões de reais em contas bancárias, no período de fevereiro de 2022 a maio de 2023. As transações foram consideradas “atípicas” pelo órgão, especialmente por terem sido feitas por um servidor público, cujo salário, segundo dados do Portal da Transparência do governo federal, é de 23.896,43 reais.

O que mais chamou a atenção das autoridades financeiras, aliás, foi uma série de transações feitas entre janeiro e março deste ano. O destino era os Estados Unidos, país no qual estavam Mauro Cid e Jair Bolsonaro, no período. O relatório mostrou que Lourena Cid enviou, em dois meses, pouco mais de 150 mil reais.

Frederick Wassef

Alvo da operação de hoje, Frederick Wassef teria, segundo a PF, um papel estratégico nas vendas de presentes recebidos por Bolsonaro a países estrangeiros. 

Wassef ficou especialmente conhecido quando, em 2020, o policial aposentado Fabrício Queiroz foi preso no seu sítio, em Atibaia (SP). Wassef chegou a admitir, em entrevista à revista Veja, que escondeu Queiroz na propriedade. Vale lembrar que Fabrício Queiroz sempre teve o nome ligado ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), especialmente por conta das investigações sobre suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do filho do ex-presidente.

Wassef foi um dos principais articuladores do nome de Bolsonaro para a Presidência da República. Advogado desde o início dos anos 1990, ele passou a dar consultoria ao clã Bolsonaro nos últimos anos. Ele já foi condenado pela Justiça por ofender o ex-deputado Jean Willys.

Osmar Crivelatti

Em um dos últimos atos do seu governo, Bolsonaro nomeou o segundo-tenente Osmar Crivelatti como seu assistente. Vale destacar que ex-presidentes, por lei, têm direito a uma estrutura composta por assessores e motoristas. 

Segundo a PF, a função principal de Crivelatti era dar conta das joias sauditas que foram presenteadas a Bolsonaro. Próximo de Mauro Cid, Crivelatti era o responsável, também de acordo com os investigadores, de monitorar as agendas oficiais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Tanto que foi a Crivelatti que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), mesmo sob a gestão petista, enviou e-mails estratégicos sobre os procedimentos de segurança nas viagens de Lula, conforme revelado nesta semana.

Foi Crivelatti, segundo o jornal O Globo, que, em junho de 2022, assinou a retirada de um relógio da marca Rolex ganho por Bolsonaro. O item foi avaliado em 300 mil reais e tinha sido um presente do rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdul-aziz.

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