Justiça

Caso Marielle: começa o julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz

Ex-policiais, que executaram o crime em 14 de março de 2018, vão a júri popular nesta quarta-feira 30

Caso Marielle: começa o julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz
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Após mais de seis anos do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de executar o crime, enfrentarão júri popular nesta quarta-feira 30.

A dupla, que está detida em unidades fora do estado do Rio de Janeiro, participará da sessão por videoconferência.

O julgamento, esperado para durar mais de um dia, contará com o depoimento de nove testemunhas, além dos réus e dos advogados de defesa.

Entre as testemunhas, sete foram indicadas pelo Ministério Público, incluindo a viúva de Anderson Gomes, a mãe de Marielle Franco e uma assessora que sobreviveu ao ataque. Outras duas testemunhas foram arroladas pela defesa de Lessa.

Ronnie Lessa é acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora, enquanto Élcio Queiroz teria dirigido o carro usado na execução. Ambos estão presos desde 2019.

O julgamento poderá ser acompanhado ao vivo pelo canal do YouTube do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro pelos canais do Instituto Marielle Franco.

Em nota, a entidade fundada após a morte da vereadora, afirmou que início do julgamento marca o fim de uma longa espera. “Após 6 anos de uma busca incansável por justiça, o momento que tanto esperamos está próximo”, anotou ao anunciar uma manifestação em frente ao Tribunal de Justiça, no Rio, onde o caso será julgado.

“Foram 78 meses e mais de 2 mil dias em que nos juntamos desde que nos tiraram Marielle e Anderson. Marchamos, gritamos, nos emocionamos, amarramos lenços e levantamos placas em busca por justiça. A nossa força nos trouxe até aqui e nesse mês a justiça, enfim, vai começar a ser feita”, concluiu o instituto.

84 anos de prisão

Nesta terça-feira, véspera do início do julgamento, o Ministério Público do Rio de Janeiro confirmou que pretende solicitar ao júri que os dois assassinos da vereadora sejam condenados com a pena máxima prevista para os crimes, que somaria 84 anos de prisão.

“Os dois [Lessa e Queiroz] foram denunciados pelo GAECO/MPRJ por duplo homicídio triplamente qualificados, um homicídio tentado, e pela receptação do [automóvel] Cobalt utilizado no dia do crime, ocorrido em 14 de março de 2018″, sintetizou o órgão em um comunicado.

O crime

Marielle Franco, uma voz expressiva na defesa dos direitos humanos e vereadora pelo PSOL, foi assassinada no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, na noite de 14 de março de 2018.

O veículo em que estava foi alvejado com vários disparos quando ela retornava de um evento sobre mulheres negras na Lapa. O motorista Anderson Gomes foi atingido e não resistiu. Uma assessora que estava no carro ficou ferida por estilhaços.

A investigação, complexa e marcada por reviravoltas, culminou na prisão dos ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Queiroz. Em delação premiada firmada pela Polícia Federal, Lessa confessou a execução e apontou os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão como mandantes, supostamente motivados por conflitos fundiários.

Em junho deste ano, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal aceitou por unanimidade a denúncia da Procuradoria Geral da República contra os irmãos Brazão, tornando-os réus.

Também foram denunciados na mesma ação o delegado Rivaldo Barbosa, o ex-assessor de Domingos, Robson Calixto da Fonseca, e Ronald Alves, conhecido como Major Ronald. Eles teriam ajudado no planejamento do crime. Rivaldo ainda teria atuado para impedir o andamento das investigações após ser nomeado chefe da Polícia do estado.

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