Justiça
Barroso diz ver risco de o crime organizado ‘começar a contaminar todas as instituições’
O presidente do STF afirmou ter ‘elevado para o topo da lista de prioridades’ o enfrentamento da criminalidade
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, afirmou nesta sexta-feira 27 que o Brasil, em particular o Rio de Janeiro, tem de priorizar o combate ao crime organizado.
Barroso se manifestou sobre o assunto após um evento na Biblioteca Nacional do Rio intitulado A Leitura nos espaços de privação de liberdade – Encontro nacional de gestores de leitura em ambientes prisionais.
“Claro que nós estamos falando da necessidade de educação, da necessidade de serviços públicos melhores. Mas, numa sociedade civilizada, a repressão também tem um componente importante”, disse o ministro. “Nós precisamos acertar nessa matéria, do contrário o crime organizado vai começar a contaminar todas as instituições.”
A crise na segurança pública do Rio de Janeiro se intensificou nesta semana. Na segunda-feira 23, ao menos 35 ônibus e um trem foram incendiados na Zona Oeste da capital fluminense, após a morte de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, sobrinho do miliciano Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho.
“Eu, como presidente do STF e do CNJ e preocupado com a realização da justiça no País, estou elevando para o topo da minha lista de prioridade o enfrentamento da criminalidade, do crime organizado e da violência, no País em geral e no Rio de Janeiro em particular”, prosseguiu Barroso.
“Violência, criminalidade organizada. Como impedir a sua infiltração nas instituições? E como o Estado reocupar espaços que estão perdidos para o crime organizado? Isso ocorre no Rio de Janeiro e na Amazônia. É preciso uma cooperação de todos, mas nós temos que acertar os diagnósticos das melhores soluções.”
Nesta sexta, durante um café da manhã com jornalistas no qual CartaCapital esteve presente, o presidente Lula (PT) voltou a descartar uma intervenção federal na segurança pública do Rio.
“Eu não quero as Forças Armadas na favela brigando com bandidos, não é esse o papel das Forças Armadas. Enquanto eu for presidente, não tem GLO”, disse o petista. “Eu fui eleito para governar este País e vou governar esse País.”
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