Justiça

As chances de Hugo Motta visitar Bolsonaro em prisão domiciliar

Centrão, Eduardo Bolsonaro e imagem pública pesam na decisão do presidente da Câmara

As chances de Hugo Motta visitar Bolsonaro em prisão domiciliar
As chances de Hugo Motta visitar Bolsonaro em prisão domiciliar
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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A possibilidade de uma visita de Hugo Motta (Republicanos-PB) a Jair Bolsonaro (PL) durante sua prisão domiciliar, em Brasília, ganhou movimento nos bastidores, mas ainda é considerada remota por aliados do presidente da Câmara.

O deputado Zucco (PL-RS), líder da oposição na Casa, apresentou a proposta a ambos os lados. Bolsonaro recebeu a sugestão de forma positiva, enquanto Motta sinalizou disposição para conversar, sem se comprometer.

Zucco visitou Bolsonaro na quinta-feira 14 e destacou que o ex-presidente gostou da ideia, principalmente como forma de “apresentar” as propostas da oposição ao presidente da Câmara.

A pressão de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, no entanto, é apontada como fator decisivo. Ele tem repetido em diversas entrevistas, declarações públicas e posts em redes sociais que Motta pode ser alvo de sanções caso não avance na pauta da anistia aos golpistas de 8 de Janeiro de 2023.

O cenário coloca o presidente da Câmara em posição delicada, entre demonstrar independência política e manter boas relações com aliados estratégicos de Bolsonaro.

Aliados do presidente da Câmara indicam que ele não quer parecer chantageado. Internamente, a cúpula do Centrão sugere que o encontro não aconteça, justamente para preservar a imagem de autonomia do deputado no comando da Casa. 

Embora Bolsonaro tenha apoiado Motta na campanha para presidência da Câmara, a percepção pública é um fator decisivo na estratégia de Motta. O parlamentar tem se posicionado com cautela em relação ao projeto da anistia, evitando alinhamentos que possam gerar tumulto – como os da semana passada no plenário. Em entrevista à GloboNews na quarta-feira, disse, por exemplo, não ver clima para um perdão total aos envolvidos na trama golpista.

“Com relação ao projeto da anistia, o que é que eu vejo dentro da Casa? Um projeto auxiliar começou a ser discutido ainda no semestre passado, que não seria uma anistia ampla, geral e irrestrita. Eu não vejo dentro da Casa um ambiente para, por exemplo, anistiar quem planejou matar pessoas. Não acho que tenha isso… que não tem esse ambiente dentro da Casa, pelo menos com quem eu converso. Nós temos a oportunidade de poder conversar isso com parlamentares diariamente. Há uma preocupação, sim, com pessoas que não tiveram papel central, que pela cumulatividade das penas, acabaram recebendo penas altas.”

A eventual visita ao ex-capitão em prisão domiciliar também poderia sinalizar aproximação entre o Centrão e o bolsonarismo e ser interpretada como concessão a pressões externas. A leitura de aliados do deputado é que, embora haja abertura inicial entre Motta e Bolsonaro, as condições políticas e estratégicas tornam qualquer encontro, ao menos momentaneamente, improvável.

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