Justiça
A outra ação no STF que tenta proteger Moraes da Lei Magnitsky
Flávio Dino afastou efeitos imediatos de leis estrangeiras no Brasil. Cristiano Zanin, por sua vez, relata um pedido diretamente ligado à sanção contra o colega


Após o ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino afastar a validade imediata no Brasil de determinações judiciais, leis, decretos e ordens executivas de outros países, o ministro Cristiano Zanin pode avançar em uma espécie de reação da Corte à aplicação da Lei Magnitsky contra o colega Alexandre de Moraes.
Zanin é o relator de uma ação do Partido dos Trabalhadores que busca impedir bancos brasileiros de aplicarem os efeitos da sanção imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Moraes.
Em 1º de agosto, Zanin encaminhou os autos para manifestação da Procuradoria-Geral da República. Após a resposta do órgão, ele poderá expedir uma decisão individual.
A ação ao STF partiu do líder petista na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). Ele pediu que a Corte proíba qualquer instituição financeira que opera no Brasil de executar, replicar, aderir ou aplicar, de forma direta ou indireta, os efeitos das sanções impostas a Moraes.
O objetivo, diz o deputado, é “preservar a autoridade e a independência da jurisdição constitucional brasileira e a soberania do Estado brasileiro diante de interferências internacionais inaceitáveis”.
Segundo o deputado, o maior receio é que bancos encerrem contas, bloqueiem ativos ou restrinjam serviços bancários de Moraes.
Em 11 de agosto, o partido Novo pediu ao STF que arquive a ação de Lindebergh, sob o argumento de que ele não pode tentar proteger interesses de terceiros sem autorização. Também não pode, segundo a legenda, obrigar entes privados a manter vínculos contratuais entre si por meio de uma decisão judicial.
As sanções do governo Trump se baseiam na Lei Global Magnitsky Act, que pune estrangeiros ligados a violações de direitos humanos ou atos de corrupção em todo o mundo.
Ao anunciar a punição, o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, alegou que Moraes “é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos judicializados com motivação política — inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro”.
Uma consequência prática seria o bloqueio de todos os bens ou investimentos de Moraes nos Estados Unidos — o que o ministro, segundo informações preliminares, não tem. Em 18 de julho, o Departamento de Estado já havia revogado os vistos do magistrado e de seus familiares. Um efeito indireto, contudo, seria o cancelamento de cartões de crédito de bandeira norte-americana.
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