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Deserção de general indica que apoio a Assad está ruindo?

General próximo ao ditador da Síria teria abandonado o país. Se outros seguirem seu exemplo, Assad pode ficar ainda mais pressionado

Imagem sem data mostra Assad e Tlass (à dir.) durante atividade militar. Foto: AFP
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Desde a quinta-feira 5, rumores de que o general Manaf Tlass, amigo do ditador da Síria Bashar al-Assad, desertou e foi para o exterior estão agitando o debate acerca do futuro do país. Inicialmente, relatos davam conta de que Tlass estaria indo para a Turquia, mas nesta sexta-feira 6 o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, em evento do grupo conhecido como Amigos das Síria, em Paris, afirmou que Tlass está indo para a França. Se confirmada, a deserção de Tlass é a de mais alto nível na cúpula do governo sírio, mas os resultados dela são ainda incertos.

Tlass era comandante de uma unidade de elite no Exército da Síria e tinha uma longa relação com a família Assad. Mustafa, seu pai, era amigo e o braço-direito de Hafez al-Assad, de quem foi ministro da Defesa entre 1972 e 2004. Hafez era o pai de Bashar e ditador da Síria antes de seu filho. A família Tlass é sunita, assim como a grande maioria da população síria e também dos opositores de Assad. O ditador, por sua vez, é alawita, outra corrente do Islã. Por ter relações com Assad e também com a oposição, Tlass é visto por analistas como uma figura capaz de liderar algum tipo de saída política para o conflito que, segundo as Nações Unidas, já deixou mais de 15 mil mortos.

Fabius, o chanceler francês, celebrou a notícia, classificada por ele como “duro golpe contra o regime de Assad”. “Mesmo aqueles próximos de Assad começaram a entender que não podem apoiar um massacre como faz Assad. Hoje não é um bom dia para o regime”, disse. A secretária de Estados dos Estados Unidos, Hillary Clinton, seguiu na mesma linha. Ela pediu que os Amigos da Síria cumpram o que prometeram em termos de sanções para “contribuir para o fim do regime de Assad e o começo de um novo dia para a Síria”.

Há dúvidas, entretanto, sobre o que Tlass é capaz de fazer. Como general de Assad, ele participou da repressão e, portanto, pode não ser visto como um intermediário legítimo pela maioria sunita. Sua família é de Rastan, cidade próxima a Homs, onde a violência do governo é especialmente dura. Tlass também pode ter perdido influência sobre Assad. Há relatos de que ele se recusou a ordenar alguns ataques e de que tentou mediar negociações com a oposição, o que teria irritado generais alawitas. Tlass, inclusive, estaria sob prisão domiciliar por conta de seus atos.

Também não existe certeza sobre qual impacto a deserção de Tlass teria para a Síria. Muitos oficiais do Exército já deixaram o país, inclusive um coronel que usou um caça para voar até a Jordânia. Há relatos de alguns órgãos de imprensa, com fontes anônimas de dentro da Síria, de que a deserção de Tlass pode ser o primeiro capítulo de uma onda de deserções entre os aliados de Assad. Essa especulação, entretanto, só pode ser confirmada à medida que os boatos se tornarem realidade. Por enquanto, nenhum importante militar alawita, como Assad, deixou a Síria. Os alawitas são maioria nas posições de comando e, se começaram a abandonar o ditador, o regime pode começar a ruir por dentro. Até lá, Assad continuará sua violenta repressão contra os opositores.

Desde a quinta-feira 5, rumores de que o general Manaf Tlass, amigo do ditador da Síria Bashar al-Assad, desertou e foi para o exterior estão agitando o debate acerca do futuro do país. Inicialmente, relatos davam conta de que Tlass estaria indo para a Turquia, mas nesta sexta-feira 6 o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, em evento do grupo conhecido como Amigos das Síria, em Paris, afirmou que Tlass está indo para a França. Se confirmada, a deserção de Tlass é a de mais alto nível na cúpula do governo sírio, mas os resultados dela são ainda incertos.

Tlass era comandante de uma unidade de elite no Exército da Síria e tinha uma longa relação com a família Assad. Mustafa, seu pai, era amigo e o braço-direito de Hafez al-Assad, de quem foi ministro da Defesa entre 1972 e 2004. Hafez era o pai de Bashar e ditador da Síria antes de seu filho. A família Tlass é sunita, assim como a grande maioria da população síria e também dos opositores de Assad. O ditador, por sua vez, é alawita, outra corrente do Islã. Por ter relações com Assad e também com a oposição, Tlass é visto por analistas como uma figura capaz de liderar algum tipo de saída política para o conflito que, segundo as Nações Unidas, já deixou mais de 15 mil mortos.

Fabius, o chanceler francês, celebrou a notícia, classificada por ele como “duro golpe contra o regime de Assad”. “Mesmo aqueles próximos de Assad começaram a entender que não podem apoiar um massacre como faz Assad. Hoje não é um bom dia para o regime”, disse. A secretária de Estados dos Estados Unidos, Hillary Clinton, seguiu na mesma linha. Ela pediu que os Amigos da Síria cumpram o que prometeram em termos de sanções para “contribuir para o fim do regime de Assad e o começo de um novo dia para a Síria”.

Há dúvidas, entretanto, sobre o que Tlass é capaz de fazer. Como general de Assad, ele participou da repressão e, portanto, pode não ser visto como um intermediário legítimo pela maioria sunita. Sua família é de Rastan, cidade próxima a Homs, onde a violência do governo é especialmente dura. Tlass também pode ter perdido influência sobre Assad. Há relatos de que ele se recusou a ordenar alguns ataques e de que tentou mediar negociações com a oposição, o que teria irritado generais alawitas. Tlass, inclusive, estaria sob prisão domiciliar por conta de seus atos.

Também não existe certeza sobre qual impacto a deserção de Tlass teria para a Síria. Muitos oficiais do Exército já deixaram o país, inclusive um coronel que usou um caça para voar até a Jordânia. Há relatos de alguns órgãos de imprensa, com fontes anônimas de dentro da Síria, de que a deserção de Tlass pode ser o primeiro capítulo de uma onda de deserções entre os aliados de Assad. Essa especulação, entretanto, só pode ser confirmada à medida que os boatos se tornarem realidade. Por enquanto, nenhum importante militar alawita, como Assad, deixou a Síria. Os alawitas são maioria nas posições de comando e, se começaram a abandonar o ditador, o regime pode começar a ruir por dentro. Até lá, Assad continuará sua violenta repressão contra os opositores.

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