Esporte

Carlo Ancelotti, técnico da Seleção, é condenado a um ano de prisão na Espanha

O treinador foi considerado culpado por uma fraude fiscal. Pela legislação do país, o italiano não será obrigado a cumprir a reclusão determinada na sentença

Carlo Ancelotti, técnico da Seleção, é condenado a um ano de prisão na Espanha
Carlo Ancelotti, técnico da Seleção, é condenado a um ano de prisão na Espanha
Carlo Ancelotti, técnico da Seleção Brasileira de Futebol. Foto: CRISTINA QUICLER / AFP
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O técnico da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti, foi condenado a um ano de prisão na Espanha por fraude fiscal, informou a justiça do país nesta quarta-feira 9, uma pena que o italiano não será obrigado a cumprir em reclusão por ser inferior a dois anos.

“Condenamos Carlo Ancelotti como autor de um crime contra a Fazenda Pública relativo ao período fiscal do ano de 2014″ à “pena de um ano de prisão”, reza o auto de um tribunal de Madri, sobre um caso que remonta à primeira passagem do treinador pelo Real Madrid.

CartaCapital, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informou acompanha o caso, e que o processo é conduzido pela equipe pessoal de Ancelotti.

Os juízes consideram provado que Ancelotti tinha “conhecimento claro do dever tributário derivado de sua residência fiscal na Espanha no exercício 2014” e “intenção consciente de evitar o pagamento de impostos”, afirma a sentença.

Por outro lado, o técnico italiano de 66 anos foi absolvido da acusação de ter cometido crimes fiscais em 2015.

A promotoria havia pedido uma condenação de quatro anos e nove meses de prisão para Ancelotti por considerar que ele havia sonegado mais de um milhão de euros (6,3 milhões de reais na cotação atual) que recebeu em direitos de imagem em 2014 e 2015, durante sua primeira passagem pelo Real Madrid (2013-2015), clube ao qual retornou em 2021 (até 2025).

‘Mecanismos artificiais’

Durante seu depoimento no julgamento realizado em abril, na capital espanhola, Ancelotti afirmou que nunca pensou em cometer fraude.

O italiano disse que aceitou receber 6 milhões de euros (38,3 milhões de reais) líquidos por temporada e foi o Real Madrid que propôs que ele recebesse 15% desse valor em direitos de imagem, com uma tributação diferente, o que acabou lhe causando problemas.

“Quando o Madrid me sugeriu isto, coloquei o clube em contato com o meu assessor inglês. Eu nunca me envolvo nisso porque nunca tinha recebido assim”, declarou Ancelotti, garantindo que nunca teve ciência de que estava fazendo algo que “não era correto”.

“Todos os jogadores tinham, Mourinho tinha isto”, explicou o italiano, citando como exemplo um de seus antecessores no Real Madrid, o português José Mourinho, que também acabou condenado a um ano de prisão após se declarar culpado de fraude fiscal em 2019.

A sentença desta quarta-feira conclui que Ancelotti sonegou impostos conscientemente “mediante mecanismos artificiais”.

Como não tem antecedentes criminais e a pena é inferior a dois anos, Ancelotti, que já não vive na Espanha, não será preso.

O italiano, que deixou o Real Madrid em maio para assumir a Seleção Brasileira, é o técnico mais bem-sucedido da história do clube merengue, com 15 títulos conquistados, incluindo três Ligas dos Campeões (2014, 2022 e 2024).

Messi e CR7 também foram condenados

Ancelotti não é a primeira personalidade ligada ao mundo do futebol que tem problemas com o fisco espanhol.

O astro argentino Lionel Messi, então jogador do Barcelona, foi condenado em 2015 a 21 meses de prisão e a pagar mais de 5 milhões de euros (aproximadamente 32 milhões de reais).

Em 2018, o português Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, pagou uma multa de 18,8 milhões de euros (120 milhões de reais) e foi condenado a dois anos de prisão.

Em um caso muito parecido com o de Ancelotti, o ex-jogador e agora treinador do Real Madrid Xabi Alonso foi acusado de fraude fiscal por transferir seus direitos de imagem a uma empresa radicada no exterior, mas foi absolvido.

E a cantora colombiana Shakira, ex-esposa do zagueiro Gerard Piqué, teve que chegar a um acordo em novembro de 2023 para evitar um julgamento por fraude fiscal.

(Com informações da AFP)

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