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Ivan Baron: Campanha de vacinação não deve transmitir mensagem que esbarre em capacitismo

Influenciador e ativista da luta anticapacitista foi escolhido pelo Ministério da Saúde como embaixador da vacinação

O criador de conteúdo Ivan Baron. Foto: Bruno Barreto
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Conhecido como o “influenciador da inclusão”, o criador de conteúdo Ivan Baron ganhou milhares de seguidores nas redes sociais por colocar a sua voz a serviço da defesa dos direitos das pessoas com deficiência. São dezenas de vídeos informativos e postagens com reivindicações de políticas públicas para essa população em seus perfis.

Agora, o jovem de 24 anos, que é pedagogo, embarca em uma nova missão: escolhido pelo governo federal como embaixador da vacinação, Baron passa a integrar uma campanha do Ministério da Saúde lançada nesta semana para ampliar a cobertura vacinal contra a Covid-19, a poliomielite, a influenza e o sarampo.

Ao lado da apresentadora Xuxa Meneghel e da infectologista Margareth Dalcolmo, o influenciador deve executar as tarefas de incentivar os brasileiros a se vacinarem e desmentir eventuais informações falsas sobre os imunizantes.

Questionado sobre como lidar com parte da população que se recusa a se vacinar, Baron disse que essa posição reflete “egoísmo” e ressaltou a importância da construção de uma comunicação eficaz que esclareça mentiras.

“Não deixa de ser uma forma de egoísmo quando você rejeita a vacina por decisão própria”, declarou o ativista, em entrevista a CartaCapital no Instagram. “Isso não vai atingir só você, vai atingir toda a comunidade. Eu vejo essa questão, também, através do conhecimento. A gente precisa desconstruir esse tipo de mentira e mostrar as consequências da não-vacina na população.”

Segundo Baron, que subiu a rampa do Palácio do Planalto durante ato simbólico da posse presidencial, um dos cuidados da campanha de comunicação é transmitir uma mensagem que não caia no capacitismo, nome dado à prática de discriminação contra pessoas com deficiência.

Uma das cautelas, por exemplo, é não associar a recusa à vacinação a uma suposta possibilidade de se tornar uma pessoa com deficiência, como no caso da poliomielite.

“Isso é um pensamento capacitista: ah, não se vacinou contra a poliomielite, vai usar uma cadeira de rodas, afirma. “Eu tive meningite aos três anos de idade porque a vacina ainda não era acessível no SUS. Se eu tivesse tomado a vacina, provavelmente não teria paralisia cerebral. Mas não é sobre isso que a gente precisa debater, sobre se tornar ou não uma pessoa com deficiência, e sim, sobre a ausência de saúde pública no nosso país.”

Ao lançar o “Movimento Nacional pela Vacinação”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil tinha, em 2015, uma média de 95% de pessoas completamente imunizadas dentro do público-alvo de cada vacina do Programa de Imunizações. Em 2021, esse percentual caiu para 60,8%.

Em evento na segunda-feira 27, Lula afirmou que “tomar vacina é um gesto de responsabilidade” e recebeu a 5ª dose contra a Covid-19. O imunizante foi aplicado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que é médico.

O calendário da campanha vacinal de 2023 é constituído de cinco etapas, com a contagem já a partir de fevereiro. O foco primordial é nas pessoas mais vulneráveis a estados graves de Covid-19; pessoas acima de 60 anos; gestantes e puérperas; pacientes imunocomprometidos; pessoas com deficiência; pessoas que vivem em instituições de longa permanência; povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas; e profissionais da saúde.

A partir de março, toda a população acima de 12 anos se torna público-alvo. No mesmo mês, haverá ações para imunizar crianças de seis meses a 17 anos. Em abril, a mobilização será para a vacinação contra a influenza. Em maio, o Ministério da Saúde se volta para a imunização contra o sarampo e a poliomielite.

Assista à entrevista na íntegra no Instagram de CartaCapital, na aba de vídeos.

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