Entrevistas

Glauber Braga defende que o PSOL não ocupe cargos no governo Lula: ‘Melhor para enfrentar Centrão e a extrema-direita’

Em entrevista à CartaCapital, deputado disse temer brigas com outras forças políticas que venham a compor a administração federal

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados
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O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) defendeu a posição de que o PSOL se recuse a ocupar cargos no governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o objetivo de garantir um melhor “enfrentamento” às forças políticas que apoiam o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e que compõem o Centrão.

A declaração ocorreu em entrevista ao programa Direto da Redação, no canal de CartaCapital no YouTube, nesta sexta-feira 18.

“Como um antídoto contra a tentativa permanente de chantagem do Centrão, e para enfrentar a extrema-direita, é melhor que o PSOL não ocupe cargos no governo federal”, afirmou o parlamentar, que defendia o lançamento de uma candidatura do seu partido para a Presidência da República neste ano.

O deputado disse considerar a possibilidade de que Lula componha o governo com forças de direita e que faça um acordo até mesmo com o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o que pode ferir a liberdade do PSOL em adotar uma postura crítica a eventuais políticas defendidas por outros integrantes.

“Quando você é parte de um governo, você tem que ser mediado pela articulação de governo. Eu vou dar um exemplo. Se, dentro do meu mandato, organizações ou pessoas que o compõem começam a brigar de maneira pública sobre determinados temas, eu vou ser obrigado a chamar essas pessoas e dizer: não dá para ficar expondo publicamente uma posição que seja divergente entre pessoas de um mesmo mandato“, afirmou.

Questionado se pretende deixar o partido caso a decisão majoritária seja a de compor o governo, Braga afirmou que não tem “nenhuma expectativa” de saída do PSOL.

O congressista criticou também a hipótese de que o PT apoie Lira para a reeleição na Câmara. Na opinião dele, Lira pode atuar em favor, por exemplo, da manutenção do orçamento secreto e da blindagem da família Bolsonaro de eventuais punições.

“Como Lira é experiente, sabe do poder que o futuro governo tem e acena numa eventual composição. Depois que o governo atender os seus interesses, no sentido de garantir votos ao Lira, ele de novo volta a mostrar as garras, cobrando de maneira permanente uma chantagem”, afirmou. “Não é agradando o Lira que se garante governabilidade.”

Braga considerou, ainda, que Lira possa ser um novo “Eduardo Cunha” para Lula, em referência à dificuldade na relação entre a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o presidente da Câmara que a levou ao impeachment.

“O Lira vai ser um Eduardo Cunha número 2 se os interesses do próprio Lira e dos grupos que ele representa levarem ele a fazer essa movimento para amplificar o seu poder”, declarou. “A gente parte do pressuposto de que o Lira vai se levantar de maneira emocional contra o futuro governo por conta das movimentações que o PT faça de agrado. Mas o Lira vai sempre se movimentar pelos seus próprios interesses.”

Na posição do parlamentar do PSOL, o governo Lula tem o dever de encontrar outra candidatura para apoiar.

“Eles têm experiência política suficiente para pensarem em quais podem ser as outras candidaturas para fazer enfrentamento ao Lira”, afirmou. “Mas, até para fazerem esse movimento, eles têm que ter a convicção de que é um movimento necessário. E que um enfrentamento é melhor que um eventual acordo com o Lira, que vai ganhar mais força para aplicar a sua agenda e fustigar o governo depois.”

A entrevista está disponível na íntegra no YouTube.

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