Entrevistas

Antes de conquistar os eleitores de Lula e Bolsonaro, vice de Ciro quer chegar aos indecisos

Ana Paula Matos afirma ainda que, com o decorrer da campanha, a chapa deve conquistar o apoio dos que hoje votam no ‘menos pior’

Foto: PDT
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A candidata a vice na chapa de Ciro Gomes (PDT), Ana Paula Matos, traça um caminho a ser percorrido durante a campanha para que a dupla chegue ao segundo turno da eleição deste ano e enfrente o presidente Jair Bolsonaro (PL) ou o ex-presidente Lula (PT).

Antes de avançar sobre os eleitores que hoje dizem preferir o ex-capitão ou o petista, Ana Paula diz que é preciso conquistar aqueles que optam pelo voto nulo ou branco.

Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira 18 mostra que Lula lidera a corrida eleitoral com 47% das intenções de voto, ante 32% de Bolsonaro. Na sequência, aparece Ciro com 7%. Os nulos e brancos e aqueles que não sabem somam 8%  todo.

“A lógica indica que avançaremos primeiro nos nulos e indecisos”, afirmou Ana Paula nesta sexta-feira 19 a CartaCapital. “À medida que esse crescimento seja percebido nas ruas e nas pesquisas, receberemos o apoio das pessoas que hoje apontam candidatos que elas entendem como o menos pior”.

Na conversa, Ana Paula ainda diz que os benefícios sociais do governo federal, que começarão a ser pagos neste mês, não devem ser suficientes para alavancar a candidatura de Bolsonaro.

A pedetista também descarta a possibilidade de Ciro desistir do pleito em nome da eleição ser resolvida no primeiro turno em favor de Lula.

“[A pressão pela desistência] é uma forma de tirar a candidatura programaticamente mais consistente da centralidade do debate”, declarou. “No fundo, é um reconhecimento da força das nossas ideias e da nossa candidatura”.

Leia a entrevista completa:

CartaCapital: Com o início oficial da campanha, o que será determinante para o Ciro furar a polarização entre Lula e Bolsonaro?

Ana Paula Matos: Focar na aliança programática com o povo. Falar ao coração das pessoas. Começar pela própria militância multiplicando o engajamento, conversar olho no olho com a população. Fortalecer a comunicação direta com as pessoas e mostrar que estamos discutindo um projeto de País e não de eleição, que estamos preparados para a transição para fazer o governo avançar desde o primeiro dia. A nossa marca é ouvir e conseguir chegar ao coração das pessoas.

CC: A senhora, desde que foi anunciada como vice, tem ressaltado que a sua chapa estará no segundo turno. Dado o cenário atual, com quem a senhora acredita que Ciro disputará a segunda etapa da eleição: Bolsonaro ou Lula?

AP: A nossa chapa estará no segundo turno porque é a única que tem um projeto nacional de desenvolvimento e um plano de governo. Historicamente, a pré-campanha se caracteriza pela lógica do futebol. Algo mais da festa. Meu time X o seu Y. À medida que a data da eleição se aproxima e a campanha se inicia de fato, as pessoas trazem à consciência a responsabilidade do seu voto e compreendem que um dia impacta no mínimo os próximos quatro anos. É nesse momento que as pessoas nos dão e darão o que tem de mais precioso que é a atenção. Pesquisam a nossa história e compreendem que mais do que projeto temos história.

Ciro com mais visibilidade nacional e eu com um forte e consistente trabalho de combate à pobreza e promoção social. A lógica indica que avançaremos primeiro nos nulos e indecisos. À medida que esse crescimento seja percebido nas ruas e nas pesquisas, receberemos o apoio das pessoas que hoje apontam candidatos que elas entendem como o menos pior. Então, quem vai decidir quem estará conosco no segundo turno é o eleitor de lado a lado que irá migrar para o nosso campo. Posso te garantir: trataremos com respeito e chamaremos ao diálogo quem quer que venha ao segundo turno conosco.

CC: Os dois líderes das pesquisas não demonstraram disposição de participar de todos os debates durante a campanha. Como a senhora avalia?

AP:A gente vai para todos os debates porque sabemos da importância disso para o brasileiro. Temos projetos consistente a discutir e apresentar. Encaro debate como oportunidade de falar ao coração das pessoas e até aprimorar as nossas propostas. Cada candidato tem a liberdade e a responsabilidade de tomar a sua decisão. O julgamento cabe ao povo.

CC: Os benefícios sociais que começaram a ser pagos pelo governo federal neste mês podem fazer com que Bolsonaro cresça nas pesquisas?

AP: Os benefícios sociais chegam às casas das pessoas, mas precisam ter um valor que de fato supra as necessidades das famílias. Nossa proposta é renda mínima e que vai livrar o povo de ficar na confusão se vai ter comida na mesa ou não em véspera de eleição. Nós temos como um dos seus fundamentos de combate à pobreza a Renda Mínima constitucional de 1.000 reais, que é a soma do que já se teve no passado e se tem no presente. Nós falaremos a cada brasileiro, de porta em porta, o como e o porquê dessa renda. Mostraremos o que já fizemos no Ceará e na Bahia e o que faremos no Brasil. Por tudo isso, somos nós que cresceremos nas pesquisas em função de transferência estruturada de renda à renda mínima constitucional.

CC: Como a senhora avalia a pressão de alguns setores para que o Ciro desista da candidatura para que Lula tenha mais chances de ser eleito no primeiro turno?

AP: Como uma forma de tirar a candidatura programaticamente mais consistente da centralidade do debate. No fundo é um reconhecimento da força das nossas ideias e da nossa candidatura. Vamos chegar ao coração das pessoas e vamos ganhar a eleição.

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