Economia

Universidades vivem caos orçamentário e dificuldades para pagar bolsas de pesquisa

A última tesourada de Bolsonaro atingiu diretamente o caixa das instituições: falta dinheiro para bancar água, energia e até funcionários terceirizados

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Universidades e institutos federais já sentem os efeitos da série de cortes orçamentários feitos pela gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL). A última “tesourada”, de cerca de 366 milhões de reais, atingiu diretamente o caixa das instituições de ensino: falta dinheiro para pagar funcionários, água, energia e até mesmo bolsas de pesquisa e manutenção acadêmica.

Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, os cortes impactaram o pagamento de servidores “extraquadros” lotados no Complexo Hospitalar e da Saúde, além do custeio de combustível de ambulâncias e veículos que atendem o Complexo.

A reitoria da UFRJ admitiu ainda dificuldades para manter o contrato de serviços terceirizados, principalmente relacionados à limpeza: cerca de 2 mil trabalhadores não têm certeza se receberão seus salários em dezembro. O corte no orçamento da instituição já chega a 15 milhões de reais somente em 2022.

Para a universidade, o momento é “dramático” e mostra a “desconsideração do governo federal com o funcionamento da URFJ e do conjunto das demais instituições”.

Terceiro maior estabelecimento de ensino do País, o Colégio Pedro II, também no Rio de Janeiro, está com saldo negativo de 6,5 milhões de reais. Ao todo, o CPII teve pouco mais de 11 milhões de reais bloqueados pelo governo federal no último dia 1º – do montante, 1,7% era destinado ao pagamento das bolsas de auxílio estudantil.

Entre os serviços que tiveram os pagamentos suspensos nesta segunda-feira 5, estão o fornecimento de merenda escolar e a manutenção das obras de infraestrutura do colégio. A instituição também informou, em nota, que não será possível custear as bolsas de pesquisa, ensino e extensão, além dos auxílios estudantis.

Para o CPII, o bloqueio no orçamento “coloca em risco todo o planejamento que tem sido feito com frequência insana, fora do habitual, causando desnecessariamente um desgaste mental e físico aos nossos servidores”.

A Universidade Federal de Sergipe é mais uma entre as instituições que vivem um drama orçamentário. Lá, cerca de 3 mil estudantes tiveram o pagamento das bolsas de pesquisa suspensos após o bloqueio de quase 2 milhões de reais na última sexta-feira 2. Ao todo, a universidade acumula em 2022 uma perda de mais de 10 milhões de reais, entre bloqueios e cortes – que também podem impactar o funcionamento dos Restaurantes Universitários, responsáveis por fornecer alimentação diária a cerca de 7 mil estudantes.

É a terceira vez que o governo Bolsonaro congela recursos destinados às universidades e aos institutos federais. A última “tesourada” havia ocorrido em outubro, quando o Ministério da Economia bloqueou 2,4 bilhões do orçamento do Ministério da Educação, mas recuou após pressão das instituições.

A principal justificativa para os bloqueios é a regra do teto de gastos, que limita gastos públicos à inflação do ano anterior.

Procurados por CartaCapital, o Ministério da Economia e e o Ministério da Educação não responderam. O espaço segue aberto para manifestação.

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