Educação
Filmar professores em sala de aula é um direito, declara Weintraub
Ministro da Educação se posicionou após aluna filmar professora e denunciá-la nas redes; Bolsonaro publicou o vídeo em seu Twitter
O ministro da Educação Abraham Weintraub, afirmou que filmar professores em sala de aula é um direito dos alunos. A declaração foi dada ao jornal O Estado de S. Paulo após uma aluna de um cursinho filmar uma discussão com uma professora de Gramática, que teria criticado Olavo de Carvalho durante a aula. O vídeo foi publicado no Twitter do presidente Jair Bolsonaro no domingo 28 com a frase “Professor tem que ensinar e não doutrinar”. O conteúdo também foi compartilhado pelo vereador e filho do presidente Carlos Bolsonaro (PSL).
Professor tem que ensinar e não doutrinar. pic.twitter.com/voG6Dj15IZ
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 28 de abril de 2019
Weintraub declarou que não fará nada de supetão e que irá avaliar o conteúdo dos vídeos publicados para checar se houve alguma irregularidade por parte dos educadores. Ele também afirmou em entrevista que a ideia não é promover uma caça às bruxas e que os professores devem ficar tranquilos pois o direito de todos será preservado.
O controle às atividades dos professores, por uma suposta doutrinação política e ideologia de gênero, é a principal agenda do movimento Escola Sem Partido, que teve a tramitação arquivada no ano passado e pode ter votação reiniciada este ano.
No final do ano passado, após a eleição de Jair Bolsonaro, a deputada estadual de Santa Catarina, Ana Caroline Campagnolo (PSL), abriu um canal de denúncias na internet contra “professores doutrinadores”. Ela estimulava que os estudantes filmassem os professores e enviassem ao canal e garantia o anonimato dos denunciantes.
A medida foi suspensa no começo do ano pelo ministro do STF, Luiz Edson Fachin. Em sua leitura, a deputada estadual estava estimulando que os alunos tivessem “controle” sobre os professores. “Ao conclamar os alunos a exercerem verdadeiro controle sobre manifestações de opinião de professores, a deputada transmite a ideia de que isso é lícito. Estimula-os, em consequência, a se sentirem legitimados a controlarem e a denunciarem manifestações político partidárias ou ideológicas contrárias às suas”, declarou.
Segundo informações da imprensa, a autora do vídeo que foi parar nas redes sociais de Bolsonaro é Tamires de Paula, secretária geral do PSL em Itapeva. Em seu perfil no Twitter, ela se declara “ativista politicamente incorreta” e co-fundadora do Direita Itapeva, movimento que se diz pela renovação na política municipal.
Em seu perfil, ela menciona o ocorrido e agradece o apoio recebido.
Agradeço o apoio de todos! Em breve darei uma entrevista explicando o ocorrido. 👊
— Tamires De Paula (@tamires_scpaula) 28 de abril de 2019
Também compartilhou um post do deputado federal do Rio de Janeiro Carlos Jordy (PSL) no qual ele critica a imprensa pela divulgação do caso do Golden Shower, episódio também utilizado pelo presidente Bolsonaro em seu Twitter para criticar o Carnaval.
O Presidente posta vídeo de um indivíduo urinando na cabeça do outro: ele é criticado pela imprensa.
O Presidente posta vídeo de aluna questionando a professora q praticava doutrinação: ele é criticado pela imprensa.
A imprensa não acha errado o ilícito, acha errado divulgá-lo.
— Carlos Jordy (@carlosjordy) 28 de abril de 2019
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