Educação

Consulta pública do MEC não alivia clamores pela revogação do Novo Ensino Médio

Nesta quinta-feira, o Ministério da Educação anunciou interesse em avaliar e reestruturar a reforma do Ensino Médio

Consulta pública do MEC não alivia clamores pela revogação do Novo Ensino Médio
Consulta pública do MEC não alivia clamores pela revogação do Novo Ensino Médio
Camilo Santana e Lula. Foto: Sergio Lima/AFP
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O Ministério da Educação anunciou, nesta quinta-feira 9, a criação de uma consulta pública com o intuito de avaliar e reestruturar o Novo Ensino Médio, já há anos criticado por educadores, estudantes e instituições ligadas à educação. A medida, no entanto, não arrefeceu os ânimos dos que pedem pela sua revogação.

No documento, o MEC informou que a consulta pública será implementada por meio dos seguintes instrumentos: audiências públicas, oficinas de trabalho, seminários e pesquisas nacionais com estudantes, professores e gestores escolares nos estados.

Crítico à medida, o professor de Direito e Políticas Públicas da UFABC, Salomão Ximenes, a considerou um ‘retrocesso em duplo sentido’. Segundo ele, o MEC criou ‘categorias aleatórias de consultas públicas’ ao não considerar o que já era previsto pela Política Nacional de Participação Social, decretada por Dilma em 2014, e revogada por Bolsonaro em 2019  – no início do ano, o presidente Lula (PT) invalidou a revogação, mas não restituiu formalmente a proposta de Dilma.

“Sem isso, continuamos sem uma política nacional de participação social, o que eu considero uma grande lacuna”, explicou à reportagem de CartaCapital.

“Não há na portaria de hoje nenhum compromisso formal quanto aos procedimentos da dita consulta, como aqueles firmados em 2014”, completou o especialista nas redes sociais.

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, por sua vez, reconheceu que a abertura da consulta pública representa um movimento importante de diálogo e abertura por parte do MEC, mas antecipou os resultados que a medida irá aferir em relação à reforma: “a insatisfação dos estudantes com o Novo Ensino Médio”.

Por essa razão, a entidade segue defendendo a imediata revogação do Novo Ensino Médio, além de sugerir a implementação de uma comissão formada por professores, estudantes, gestores e funcionários para a elaboração de uma Lei para o Ensino Médio.

Em nota, a UBES mencionou que a consulta pública “não resolve as limitações atuais que já estão acontecendo para os estudantes e professores em todo país, fruto de uma implementação atropelada pelo Governo Temer e Bolsonaro”.

Também mantém a posição pró-revogação a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) que, na última terça-feira 7, se reuniu com o presidente Lula, representada pelo presidente Heleno Araújo.

“Entendemos que o espaço de debate dever ser o Fórum Nacional de Educação com a composição de 2016, antes do golpe. Portanto, ministro Camilo Santana, revogue a Portaria 577/2017, recomponha o FNE de 2016 e vamos abrir o debate sobre as políticas educacionais no espaço adequado e determinado pela Lei 13.005/2014 (PNE), nos seus artigos 5o e 6o. Ser democrático é encaminhar posição da maioria!”.

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