Editorial
A ideologia do caos
Lula confunde ele mesmo e todos nós
A personagem da capa desta edição é o simbólico Sísifo da mitologia grega a enfrentar o morro íngreme, metáfora das dificuldades da vida. Vale aqui para representar os esforços vãos do Brasil na tentativa de atingir a posição prometida pelas benesses conferidas pela natureza. A enorme pedra aceita o desafio, mas é pesada demais para a força de quem a empurra. Está fadada a voltar inexoravelmente ao ponto de partida. Neste momento, o presidente Lula enfrenta uma jornada especialmente turva. Não basta se livrar do energúmeno demente Jair Bolsonaro.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, é infinitamente mais perigoso em relação ao futuro do Brasil do que o ex-capitão, premiado por uma eleição da qual Lula não pôde participar, preso sem provas pela costumeira dupla Sergio Moro e Deltan Dallagnol. Cabe acentuar que só no Brasil podem acontecer fatos como estes. E não há como negar a realidade de um país ainda tão distante da democracia e da contemporaneidade do mundo civilizado. Nestes dias, o Datafolha revela: a maioria dos entrevistados, mais de 50%, acredita no retorno dos degustadores de criancinhas amoitados atrás de cada esquina. Ou seja, segundo eles, não escapamos de um levante comunista.
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