Economia

Selic a 13,5%: Leia a ata da reunião do BC que embasou decisão criticada por Lula

O documento reconhece que pacote fiscal apresentado por Fernando Haddad pode reduzir riscos de inflação; mesmo assim, o Copom manteve a Selic em 13,5%

Prédio do Banco Central do Brasil (BCB). Foto: Raphael Ribeiro/BCB
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O Banco Central divulgou, nesta terça-feira 7, a íntegra da ata da reunião que decidiu, pela quarta vez consecutiva, manter a taxa Selic em 13,5%. O encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) foi realizado no dia 1º deste mês.

O resultado da reunião foi duramente criticado por Lula (PT) na segunda-feira 6. Durante a posse de Aloizio Mercadante no BNDES, o presidente classificou a decisão do BC de manter a taxa de juros em 13,5% como vergonhosa. Segundo o petista, o Copom não forneceu justificativa plausível para a medida.

“É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juro e a explicação que eles deram à sociedade brasileira”, disse Lula em uma das críticas direcionadas ao Banco Central.

Após as afirmações do presidente, a ata citada por Lula foi publicada na íntegra. No documento, é possível ver como o Copom justifica a manutenção da Selic por ainda ver ‘incertezas de cenários’ sobre a variação da inflação no País.

“Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024”, diz um trecho da conclusão do comitê.

“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, acrescenta logo em seguida o Copom.

Apesar da decisão, o Copom diz em outro trecho da ata que reconhece que o pacote fiscal apresentado por Fernando Haddad, ministro da Fazenda de Lula, pode, de fato, reduzir os riscos de inflação no País.

“Alguns membros notaram que as medianas das projeções de déficit primário do Questionário Pré-Copom (QPC) e da pesquisa Focus para o ano de 2023 são sensivelmente menores do que o previsto no orçamento federal, possivelmente incorporando o pacote fiscal anunciado pelo Ministério da Fazenda. O Comitê manteve sua governança usual de incorporar as políticas já aprovadas em lei, mas reconhece que a execução de tal pacote atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação”, diz um trecho do documento.

O reconhecimento da proposição positiva do governo, porém, não impactou na decisão final do grupo. Mais cedo, o tema gerou manifestação de Haddad que avaliou que o BC poderia ter sido mais generoso com as medidas tomadas pela atual gestão.

“Não vamos, em 30 dias de governo, resolver um passivo de R$ 300 bilhões herdado do governo anterior, mas o nosso compromisso é com o equilíbrio das contas e anunciei em 12 de janeiro o que vamos perseguir por resultados melhores. Nesse particular, penso que a nota do Copom poderia ser mais generosa com as medidas que já tomamos. Entendo que nós vamos harmonizar a política fiscal com a política monetária”, declarou Haddad.

Leia a íntegra da ata publicada pelo Copom:

ata-do-copom-bc-7fev2023

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