Economia

Quem tem medo de crise?

Desde que me entendo por gente, venho convivendo com crises, sejam institucionais, políticas ou econômicas. Definitivamente, deixei de me amedrontar com elas

Dilma Rousseff começa seu segundo mandato com um belo sinal de que quer acertar nesses próximos quatro anos
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Nascido em 1950, creio ter sido vacinado contra a síndrome da crise. É que, desde que me entendo por gente, venho convivendo com crises, sejam institucionais, políticas ou econômicas, o que as tornou lugar comum na minha existência enquanto ser humano seja no meu período como estudante e mesmo mais tarde como chefe de família, executivo ou empresário. Definitivamente, deixei de me amedrontar com as mesmas, passando mesmo a tirar proveito dos momentos de crise para melhorar meus negócios ou minha vida pessoal. É quando podemos fazer reflexões e, em função disso, proceder aos ajustes necessários melhorando nossa base instalada para ganhar no médio prazo.

Rapidamente, sem que nenhum brain storm seja necessário e fixando-nos apenas nos nossos problemas internos, a partir do meu nascimento me vem à mente fatos como a morte do presidente Getúlio Vargas; a renúncia do presidente Jânio Quadros; a tomada do poder pelos militares e sua revolução de 1964; o Ato Institucional Nº 5 em 1968; as idas e vindas e lutas políticas para retomada do poder pelos civis; a morte do presidente eleito Tancredo Neves em 1985; a moratória da dívida externa em 1986; os planos econômicos mirabolantes como Cruzado, Verão, Cruzeiro Novo e outras bobagens econômicas; o impeachment do presidente Fernando Collor em 1992; e as crises em cascata de 1997 a 1999. Embora envolvendo países asiáticos, a Rússia e a Argentina, essas crises nos atingiram em cheio em janeiro de 1999, quando o Brasil teve que desvalorizar sua moeda, o Real, criando uma expectativa de prenúncio de uma catástrofe econômica para o país, o que, felizmente, não se deu. Em suma, depois de todas essas tormentas, como um náufrago otimista sempre me encontrei são e salvo para enfrentar mais crises.

O governo da década de 1990, que envolve Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, foi responsável por diversas reformas importantes: Saneamento do Setor Financeiro Brasileiro, Redução do Estado com um projeto ambicioso de privatizações, Implementação da Lei de Responsabilidade Fiscal, Controle da Inflação, Criação de Agências Reguladoras, Crédito Consignado, Lei de Falências, Garantia para Empréstimos Imobiliários, etc. Aqui já começamos um processo de sobreposicionamento ao governo petista de Luiz Inácio Lula da Silva, que chega em 2002. Este, humildemente e inteligentemente, dá continuidade pelos próximos anos ao que havia sido plantado a sangue, suor e lágrimas, mas com coragem e esmero técnico pelo governo tucano. Então tivemos um surto de crescimento até 2010. A partir daqui começaram nossos problemas.

Sem que a maioria dos brasileiros percebesse, vivenciamos no período de 2011 a 2014, em média, o pior crescimento econômico do país dos últimos 50 anos. Basta comparar o crescimento do PIB brasileiro contra o crescimento do PIB mundial, presidente a presidente, no mesmo período. Então, há que destacar esta tal “crise invisível”. Enfrentamos nos últimos quatro anos a pior crise do Brasil nos últimos 50 anos. Ora, é EVIDENTE QUE SAIREMOS DESTA PARA MELHOR COMO SEMPRE FIZEMOS. O Brasil é grande, gigante pela própria natureza, e sairá ileso desta crise. Voltaremos a crescer, não importa com quem. A instituição Brasil é mais forte.

Se a presidente Dilma Rousseff capitaneou esta crise, que teve, evidentemente, também o agravante da desvalorização das commodities no mercado internacional (ainda principais itens de exportação do Brasil), ela começa seu segundo mandato com um belo sinal de que quer acertar agora nesses próximos quatro anos, a partir da escolha da sua equipe econômica. Creio firmemente que se ela deixar a equipe econômica trabalhar, cuidando, ela, apenas do seu papel político, e deixar de intervir em assuntos técnicos, relacionados à macroeconomia e mesmo microeconomia, coisa que não domina, o país sai desta para melhor, com índices espetaculares de crescimento econômico.

Para tanto, basta seguir o exemplo de seu principal benfeitor, o ex-presidente Lula, que se absteve de trabalhar assuntos neste campo, deixando que seus técnicos cuidassem dos mesmos para que pudesse praticar “política” na acepção da palavra, seja no Brasil ou no exterior. Então, contamos com esta atitude por parte da nossa presidente para sairmos da crise. Se assim fizer, a confiança internacional retorna e com ela os investimentos estrangeiros. Vejo um céu de brigadeiro para o país nos próximos quatro anos. Só depende da nossa presidente desempenhar apenas o seu “papel político”. Sou otimista quanto a isto. O PT precisará fazer um governo espetacular nestes próximos quatro anos se quiser permanecer no poder. E ele gosta de poder.

Alfredo Assumpção é Chairman & Partner do Grupo Fesap, holding das empresas Fesa, Asap Recruiters e Fesa Advisory.

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