Economia

Presidente da Caixa critica taxa de juros do BC: ‘Penaliza o banco e os clientes’

Maria Rita Serrano argumenta que Selic nas alturas é benéfica apenas para bancos privados, sem função social

A nova presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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A presidenta da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, criticou a taxa básica de juros de 13,75% estipulada pelo Banco Central. Em entrevista ao jornal O Globo desta terça-feira 14, a executiva argumenta que a Selic nas alturas é benéfica apenas para bancos privados, sem função social, e prejudica os bancos estatais.

“A taxa de juros alta traz um problema ainda maior para a Caixa. A maioria dos bancos ganha dinheiro investindo recursos em tesouraria e não ofertando crédito, eles se protegem. Já a Caixa, por ser um banco social, tem que investir em crédito, a gente vem tendo restrições em algumas operações porque precisa de orçamento para isso”, critica Rita Serrano. “A taxa de juros muito alta penaliza mais a Caixa e os clientes”, reforça.

Na conversa com o jornal, ela defende a revisão da taxa de juros, em linha com o que tem defendido Lula e o ministro da Fazenda Fernando Haddad. “A taxa de juros está muito alta, é uma das mais altas do mundo e uma das funções nas regras do Banco Central é que haja também um olhar para a geração de emprego”, defende.

Não falo com relação ao presidente do BC, mas a política de definição da taxa de juros é algo que precisa ser olhado com mais atenção porque você acaba agudizando a crise econômica”, completa a presidenta.

Ao jornal, Rita Serrano também revelou ter encontrado um ‘banco desestruturado’ pela última gestão. Ela avalia que a situação foi piorada pelo assédio moral praticado pelos indicados do governo de Jair Bolsonaro.

“Encontramos um banco desestruturado, com sérios problemas em tecnologia, falta de investimentos”, revelou. “Do ponto de vista dos empregados, a gestão pelo medo foi muito forte. Pretendemos mudar essa cultura. A rotatividade de cargos causou um problema sério porque perdemos a continuidade das operações em alguns setores”.

Mais adiante ela contou ainda que funcionários chegaram a postos de comando sem preparo adequado, enquanto profissionais qualificados foram alocados em posições inferiores pela gestão anterior.

“Muita gente jovem ascendendo na carreira sem preparo. Muita gente foi defenestrada. Estamos encontrando profissionais muito qualificados que hoje estão como técnicos bancários em agências. Foi uma politica terrível na qual o banco perdeu a sua inteligência”, avaliou.

A prática de assédio moral no banco estatal, importante lembrar, foi revelada junto aos escândalos de assédio sexual praticados por Pedro Guimarães, ex-presidente da instituição e aliado de Bolsonaro. Além dele, outros diretores também foram acusados naquela ocasião. Segundo Rita Serrano, a investigação interna contra Guimarães já foi finalizada e encaminhada para a Justiça.

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