Economia

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Planos adiados

Apesar da recuperação da Bolsa e da enxurrada de dinheiro estrangeiro, as empresas repensam a abertura de capital

Menor atratividade. O aumento dos juros básicos garante retornos com menor risco e afasta os investidores não habituais da Bolsa - Imagem: Miguel Schincariol/AFP
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A Bolsa de Valores recuperou boa parte da queda do segundo semestre de 2021. O Índice Bovespa acumulou alta de 15,47% no fim do primeiro trimestre e voltou a ultrapassar a marca dos 120 mil pontos (fechou em 121.570 em 1º de abril). A retomada não provocou, no entanto, uma corrida pela abertura de capital, os famosos IPOs, sigla em inglês para ofertas públicas primárias de ações, que haviam batido recordes quando o Ibovespa passou dos 130 mil pontos pouco mais de um ano atrás. Segundo dados da B3, foram 15 IPOs no primeiro trimestre de 2021 e 46 no ano todo. O cenário mudou. Mesmo quem estava pronto para lançar ações no mercado voltou atrás: das 28 emissões registradas na Comissão de Valores Mobiliários no segundo semestre do ano passado, 23 foram suspensas pelas empresas.

Analistas contextualizam a “seca” de IPOs. Lembram que 2021 começou extremamente otimista para a Bolsa em geral e para as aberturas de capital em particular, em razão da reabertura da economia propiciada pelo avanço da vacinação e a subsequente recuperação dos mercados após a recessão de 2020 – ano em que, aliás, 25 empresas lançaram ações pela primeira vez, o maior número desde os 35 IPOs de 2007. Somente o primeiro semestre de 2021 registrou mais ofertas primárias do que 2020 inteiro, o que potencializou o entusiasmo e o interesse pelo lançamento de papéis. Como observa a analista Danielle Lopes, da Nord Research em detalhada pesquisa sobre esse movimento, “os IPOs são estrategicamente feitos em momentos otimistas de mercado, quando todos estão pagando caríssimo pelas empresas”. No mesmo trabalho, assinala: “O fluxo do Ibovespa e de novas empresas até então parecia ignorar um enorme problema que voltou a nos assolar: o risco da quebra do teto de gastos (fiscal) e as sinalizações de intervenção do governo em empresas estatais. De junho em diante, tudo veio à tona. Com o elevado medo do mercado de um governo gastão e irresponsável, junto ao aumento de juros para conter a inflação, os IPOs começaram a perder força”.

A desconfiança na gestão fiscal e o aumento dos juros estão na base do receio dos investidores

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