Economia

Novo arcabouço fiscal ‘reduziu a incerteza’ sobre dívida pública, diz ata do Copom

Comitê divulgou ata da reunião que manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano; por outro lado, BC destaca que ‘não há relação mecânica’ entre aprovação do arcabouço e queda da inflação

Novo arcabouço fiscal ‘reduziu a incerteza’ sobre dívida pública, diz ata do Copom
Novo arcabouço fiscal ‘reduziu a incerteza’ sobre dívida pública, diz ata do Copom
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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O Banco Central (BC) divulgou, nesta terça-feira 9, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que foi realizada entre os dias 2 e 3 de maio e manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. Segundo o BC, a apresentação do novo arcabouço fiscal reduziu as incertezas no cenário econômico.

“A apresentação do arcabouço fiscal reduziu a incerteza associada a cenários extremos de crescimento da dívida pública. O Comitê seguirá acompanhando a tramitação e a implementação do marco fiscal apresentado pelo governo e em apreciação no Congresso”, diz a ata. 

Por outro lado, de acordo com o BC, a conjuntura econômica vem sendo marcada por um processo desinflacionário que “tende a ser mais lento em ambientes de expectativas de inflação desancoradas”. Nesse sentido, a condução da política monetária exigirá maior atenção.

O Copom destacou, ainda, que “não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal”. Apesar da relação não ser automática, caso seja aprovado um “arcabouço fiscal sólido e crível”, o país poderá experimentar uma queda na inflação. A projeção oficial do BC para a inflação no ano que vem é de 3,6%, no que o órgão chama de “cenário de referência”.

O Copom destacou que, nos seus cenários para a inflação, existem “fatores de risco em ambas as direções”. Os riscos de alta da inflação, segundo o Copom, podem ocorrer por conta de “uma maior persistência nas pressões inflacionárias globais”, da “incerteza ainda presente” sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado no Congresso Nacional e de “uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos”.

Por outro lado, os riscos de baixa passam por “uma queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local”, pela “desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada” e por uma “desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio de ciclo de política monetária”. Vale destacar que o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta um Produto Interno Bruto (PIB) global de 2,8% para 2023.

Ao justificar a manutenção da taxa Selic pela sexta vez consecutiva, o que vem sendo motivo de críticas seguidas do governo federal, de economistas e de parte da indústria e do varejo, o BC afirmou que a medida serve para causar “suavização nas flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”. 

Novos nomes na diretoria do BC

Na última segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a indicação de dois nomes para o Banco Central. O primeiro é o de Gabriel Galípolo, atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, para a diretoria de política monetária do órgão. Se aprovada a indicação, Galípolo fará parte do Copom e irá compor o colegiado que define a taxa de juros no país.

Outro indicado é Ailton Aquino dos Santos, servidor do BC, para o cargo de diretor de fiscalização.

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