Economia

Lula reforça críticas ao BC por juros elevados e chama de ‘vergonha’ decisão do Copom

Nos últimos dias, o presidente tem intensificado sua oposição à atuação de Roberto Campos Neto

O presidente Lula. Foto: Mauro Pimentel/AFP
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O presidente Lula (PT) voltou a criticar, nesta segunda-feira 6, a postura do Banco Central em relação à taxa básica de juros no País. Durante a posse de Aloizio Mercadante na presidência do BNDES, o petista afirmou não haver “justificativa nenhuma” para a Selic estar em 13,75% ao ano.

“É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juro e a explicação que eles deram à sociedade brasileira”, acrescentou. “O problema não é de banco independente, não é de banco ligado ao governo. O problema é que este País tem uma cultura de viver com os juros altos.”

Lula estimulou empresários a cobrar o BC pelo nível dos juros no País. Segundo ele, o empresariado “precisa aprender a reivindicar, a reclamar dos juros altos”.

“Quando o Banco Central era dependente de mim, todo mundo reclamava. O único dia em que a Fiesp falava era quando aumentava os juros. Era o único dia”, reclamou. “Agora, eles não falam.”

Em entrevista à RedeTV! na semana passada, Lula já havia deixado clara a sua irritação com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a quem se referiu como “esse cidadão”.

“Quero saber do que serviu a independência do Banco Central. Eu vou esperar esse cidadão terminar o mandato dele para fazermos uma avaliação do que significou o banco central independente”, disse Lula na ocasião.

A mais recente reunião do Copom ocorreu em 1º de fevereiro, quando o colegiado optou por manter a Selic em 13,75%, decisão já antecipada pelo mercado. Trata-se do maior nível desde janeiro de 2017. Nas últimas quatro reuniões, o BC decidiu não mexer no índice. Antes, foram 12 elevações seguidas.

A Selic é, oficialmente, o instrumento por meio do qual o BC controla a inflação – em 2022, o IPCA fechou em 5,79%, acima da meta (3,5%) e da margem de tolerância (1,5 ponto percentual).

A elevação da taxa ajudaria a controlar a inflação, uma vez que juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, índices mais altos dificultam a recuperação da economia.

As críticas de Lula ao Banco Central têm se intensificado, já que os juros elevados impactam negativamente um dos pilares da política econômica do novo governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), declara com frequência que a redução de obstáculos no acesso ao crédito está entre suas prioridades.

“Eu me reuni com o presidente do Banco Central e vamos desengavetar todas as iniciativas do Banco Central que estavam paralisadas no Executivo para melhorar o ambiente de crédito no Brasil”, disse o ministro em 30 de janeiro, ao participar de evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

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