Economia

Líderes da Câmara preparam projeto para dar mais transparência às emendas Pix após investida do STF

A iniciativa foi discutida durante almoço na residência do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), nesta terça-feira 13

Líderes da Câmara preparam projeto para dar mais transparência às emendas Pix após investida do STF
Líderes da Câmara preparam projeto para dar mais transparência às emendas Pix após investida do STF
Brasília (DF), 21/06/2023 - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, durante o seminário Reforma Tributária: A Hora é Agora, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Líderes da Câmara trabalham em uma proposta para “delimitar o objeto” de funcionamento das emendas Pix após a decisão do Supremo Tribunal Federal que proibiu o repasse de dinheiro nesta modalidade por falta de transparência. O mecanismo, instituído em 2019, permite o envio de recursos a estados e municípios sem critérios técnicos.

A iniciativa, apurou CartaCapital com quatro participantes, foi discutida durante almoço na residência do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), nesta terça-feira 13. O texto é considerado uma prioridade entre deputados e pode ser apresentado ainda nesta semana.

Os relatos à reportagem dão conta de um projeto que estabele critérios e áreas de aplicação do valor oriundo de emendas Pix. Atualmente, não existe controle dos tribunais de contas dos estados sobre a aplicação do dinheiro. Por isso, apesar de serem destinadas a obras de infraestrutura, muitas transferências custearam festivais em diversas cidades.

A proposta, avalia um líder do Centrão, sinaliza o interesse da Câmara de aperfeiçoar o envio dos recursos. Inicialmente, cogitou-se aproveitar a insatisfação em torno da decisão do ministro Flávio Dino para ampliar o poder do Congresso sobre o Orçamento e tornar todas as emendas obrigatórias.

Esse movimento não prosperou porque, segundo parlamentares que participaram das discussões, acabaria por deixar o governo Lula (PT) totalmente engessado na discussão orcamentária, ampliando o desgaste com o Planalto e com o Supremo.

Mais cedo, o clima entre os deputados era de insatisfação. A avaliação feita em conversas reservadas é que as investidas de Dino e da Procuradoria-Geral da República sobre as emendas teriam as digitais do Executivo.

O presidente da comissão de Finanças, Mário Negromonte Jr. (PP-BA), deu um recado que sintetizava a temperatura entre seus colegas. “Certamente, no dia de hoje ou no dia de amanhã, o Parlamento dará a resposta à altura dessa decisão”, afirmou o deputado ao abrir uma audiência destinada a ouvir o chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto.

No início de agosto, Dino determinou uma série de medidas que obrigam a adoção de critérios de transparência nos gastos. Entre outras coisas, o magistrado proibiu o governo de executar emendas de comissão (enviadas pelos presidentes dos colegiados temáticos) que não tivessem total rastreabilidade.

O magistrado também pediu um pente-fino da Controladoria-Geral da União nos repasses feitos nos últimos anos. A suspeita é que os parlamentares tenham recorrido a outras modalidades de pagamento para driblar uma decisão do STF que extingiu as chamadas emendas de relator.

Foi por meio desse mecanismo, conhecido como Orçamento Secreto, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conseguiu azeitar sua relação com o Congresso Nacional.

A determinação do ministro é contestada pela Câmara e pelo Senado. As ordens de Dino, diz o documento, podem conferir “autonomia desmedida” ao governo federal. “A pretensão de subverter essa divisão constitucional, delegando ao Executivo uma autonomia desmedida sem a devida regulamentação legislativa, implica um atentado às determinações constitucionais.”

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