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Investidores estrangeiros superam a desconfiança e derramam dinheiro em ações de commodities brasileiras

Realocação. Produtoras de bens primários, como minério e petróleo, são as mais procuradas na Bolsa pelo capital estrangeiro, que move dinheiro para os países emergentes – Imagem: Agência Petrobras e iStockphoto
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Quando e de onde menos se esperava, a Bolsa recebeu um caminhão de capital estrangeiro, equivalente a 32,49 bilhões de reais, em janeiro – o segundo melhor mês de influxo externo nos últimos dez anos –, na contramão de todas as expectativas e das próprias movimentações dos mercados diante da fuga do dinheiro para a renda fixa em resposta à vertiginosa alta dos juros domésticos e do arrocho monetário anunciado no mundo desenvolvido. “O segundo semestre de 2021 foi muito ruim para ações e bônus dos mercados emergentes, em razão da abordagem mais hawkish (pró-juros altos) dos Bancos Centrais, que mudaram seu posicionamento. Acabou saindo dinheiro dos emergentes e indo para os desenvolvidos, principalmente para S&P 500, o principal índice do mercado norte-americano, que fechou o ano nas suas máximas históricas”, recorda o economista Antônio Kritsinellis Filho, da gestora de ativos Octante.

Em janeiro, foram mais de 30 bilhões de reais em negociações

As razões apontadas para a mudança de rumo vão desde o prosaico baixo valor do mercado brasileiro, que caiu 12% no ano passado, enquanto suas rivais internacionais batiam recordes de alta, até especulações de que o mercado estaria desembarcando da terceira via – que não decola – para subir na canoa de Lula, como disse o sócio-fundador da gestora SPX, Rogério Xavier, em evento do Credit Suisse no início do mês.  Mas se o impulso dos estrangeiros para a alta da Bolsa, de 7% em janeiro, foi excepcional, não significa que vá durar. “É resultado de uma questão relativa que não nos pertence, pois não existe melhora estrutural do País que leve a uma mudança de expectativas hoje e que justificasse esse ingresso de recursos no mês passado. O Brasil não fez nada que justifique uma mudança na percepção do investidor”, aponta ­Pedro Guimarães, CEO da Fiduc, um ­family ­office para investidores do varejo. Gestores de recursos ouvidos por ­CartaCapital observam que investidores estrangeiros não constituem um bloco monolítico, que pensam e agem da mesma forma, mas têm diferentes perfis, estratégias e visões. “Com o movimento de ingresso de capitais estrangeiros em janeiro, não dá para concluir muita coisa em relação aos estrangeiros como um todo, mas que aqueles que têm perfil smart money, com capital mais ágil e sem compromisso de longo prazo, eventualmente estejam investindo aqui, de modo que em x meses esse dinheiro pode partir para outro destino”, sinaliza o executivo de uma gestora voltada à área socioambiental.

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